O BOM E VELHO MAX CADY
Por Mafalda - 10 de novembro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.
Quanta ingenuidade! Eu não contava com o fator Max Cady. E como resistir à mórbida mistura de sedução e asco provocada pelo sociopata que apavorou 10 em cada 10 pais de adolescentes rebeldes na década de 90?
E daí, não teve jeito. Exposta a 30 segundos de De Niro na pele de Max Cady, só pisquei novamente quando o filme terminou.
Robert de Niro como Max Cady: tem como piscar?
Não há pior vilão do que aquele com o qual você se identifica. Ao saber da história de Cady, nem que seja por uns minutos, todos refletimos na sacanagem sofrida, no erro proposital de quem era pago para advogar em seu favor, na prepotência do advogado em querer estar acima do sistema.
E aí bateu uma constatação… Faz tempo que o cinema não me traz um aterrorizante Max Cady. Um sociopata de tirar o sono, um filme com altos e baixos, rico de humanidade e talvez daí provocar nosso lado sombrio. Faz tempo que um grande ator não encarna esse papel. Os últimos que haviam me impressionado foram o insano Coringa de Heath Ledger e o oficial nazista de Christoph Waltz, mas de resto… Parece que nos dias atuais o medo se infiltrou em tudo e que os piores filmes de terror podem ser gravados pela câmara escondida de um casal desconfiado dos atos de sua babá. Esse terror é o pior, o que parece nossa realidade, o tangível.
Max Cady amargou catorze anos na prisão pelo estupro de uma prostituta. Paira a dúvida se sua condenação foi resultado da omissão de seu advogado em não mencionar a ocupação da vítima, o que poderia ter mudado a sentença. O advogado é o chefe da uma típica família americana em escalada na profissão e nos jogos sociais para tanto. Max estuda na cadeia e se foca em Direito, arquitetando um plano para aterrorizar o advogado Sam sem resvalar em nenhuma lei. Robert de Niro é tão perfeito na pele do bandido, que há momentos em que torcer pelo vilão é quase obrigatório, só pela interpretação impecável.
Algumas críticas colocam o filme como cru, sem sutileza, por compará-lo ao seu original de 1962 de J. Lee Thompson. Perda de tempo. São filmes inspirados na mesma história, mas não há como pensar Cabo do Medo sem De Niro e só por este detalhe, torna-se outro filme. Minha opinião é que a violência explicitada na versão de 1991 já apontava a intensidade necessária para impactar um público para quem a violência seria cada vez mais banalizada a partir dos anos 90. A dica é essa: Cabo do Medo, de 1991, sim e quantas forem as reprises!
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