Responsabilidade
Por Rachel Barbosa - 16 de março de 2009. Categorias: animais.
Como vocês já devem saber eu tenho um pet shop. E foi lá que sábado, infelizmente, fiquei muito decepcionada com a falta de responsabilidade de alguns donos de animais.
Quando você leva para dentro de casa um animal, está assumindo a responsabilidade sobre ele. Aquela VIDA passa a depender integralmente de você. E manter um animal vivo não quer dizer apenas dar comida. Ele precisa de qualidade de vida. A qualidade de vida de um animal não é muito diferente da de um humano. Além de comida, ele precisa de higiene, vacinas e cuidados com a saúde.
Sábado chegaram no pet shop dois cães que definitivamente não vivem com qualidade (um deles não vivia, porque a partir de agora vai viver).
Um deles foi uma fêmea de cocker spaniel. Ela esteve no pet sexta-feira para banho e pedimos que retornasse no dia seguinte para ser examinada pela veterinária. O animal deveria ter uma linda pelagem negra, no entanto está sofrendo de queda de pelos e quase não tem mais nenhum cobrindo a pele. Um cão não fica quase sem pelos da noite para o dia. Isso é uma coisa que demora a acontecer, portanto, a cadela já está com problemas de saúde há tempos. As unhas da pobre estavam enormes por não serem cortadas. A unha do quinto dedo havia crescido tanto que tinha entrado na carne. Perguntei à dona: “ela não sai na rua, não está gastando as unhas, não é?” Com a maior cara de pau a dona disse que sai com ela duas vezes por dia. As unhas da cadela afirmam que isso é mentira. Os ouvidos eram um capítulo à parte. A dona disse que dá banho em casa, mas tem nervoso de limpar os ouvidos. Eles estavam tão sujos que não saía cera, mas uma massa grossa, esverdeada. Também estavam inflamados, claro.
O outro caso foi mais grave, porém o cãozinho teve mais sorte. A família, pai, mãe e filha, marcou horário com a veterinária e trouxe um schnauzer miniatura. O bichinho vivia com um dono que não cuidava e eles o adotaram há uma semana. O pobrezinho não conseguia abrir os olhos porque os pelos da sobrancelha estavam colados nos pelos da barba por uma secreção grossa proveniente dos olhos, que estão infeccionados. Uma das orelhas estava cheia de pelos colados pelo pus que saía do ouvido. Quando a veterinária me chamou, cheguei perto e senti cheiro de carne podre. Quando ela levantou a orelha para me mostrar, levei um susto com o que vi. Depois de cortar um pouco o “tampão” de pelos que cobriam o ouvido, a veterinária começou a tentar limpar, mas não conseguiu porque o bichinho estava sofrendo dores insuportáveis. Recomendamos que o levassem a uma clínica, que teria como anestesiá-lo para fazer o que fosse necessário. A dona aceitou prontamente e marcamos uma consulta para o mesmo dia na clínica de um veterinário amigo. Mas antes de mandá-lo para lá, fomos tosá-lo para facilitar o exame. Nem preciso dizer que o pelo do cão era um nó só em todo o corpo. A lâmina não conseguiu atravessar o bolo de pelos que cobriam os olhos e os ouvidos. Tive que deixá-lo de molho com água e shampoo durante alguns minutos para amolecer as crostas de secreção que grudavam os pelos. Quando tudo terminou, embora o ouvido ainda não houvesse sido tratado e ainda estivesse doendo, era visível o alívio do bichinho, que foi um doce durante todo o tempo e não tentou morder ninguém.
Coloque-se no lugar do bichinho por um instante. Você sentiria dor se sua unha houvesse crescido a ponto de entrar na carne? Se você tem unha encravada, sabe bem qual a sensação. Você conseguiria ser gentil com as pessoas à sua volta se estivesse com o ouvido entupido por pus e pelos, sentindo uma dor enlouquecedora?
Se você não tem tempo para levar o animal ao veterinário quando for necessário, não tenha um.
Falta de dinheiro também não é justificativa para não cuidar. Existem locais que oferecem tratamento gratuito ou a preços populares, como a SUIPA, no Rio de Janeiro.
Está na hora daqueles que se orgulham de serem chamados de humanos, tratarem seus animais de estimação com mais humanidade.
Rachel Barbosa
Originalmente publiquei este texto em http://rachelbarbosa.com.br, mas pedi à Mafalda que me permitisse republicá-lo aqui para que a mensagem chegasse a mais pessoas.
18 de março de 2009 às 8:09
Eu sou apaixonada por animais, qualquer um, mas tenho um grande amor pelos cachorros e me dá uma revolta muito grande quando vejo animais sendo maltratados nas ruas, ou até pelo próprio dono.
Não gostar é um direito que a pessoa pode ter, mas maltratar só porque é o “dono” em hipótese alguma é correto, pra que pega então?
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