MONA EM FAMÍLIA: Jovens X Família – uma história de amor e proteção
Por Phoebe - 16 de fevereiro de 2009. Categorias: Cantinho das Monas, Mona em Família.
Para um adolescente, nada é mais irritante do que ter seus programas vetados pelos seus pais. Um choppinho inocente com os amigos, uma viagem com a turma do pré-vestibular, um acampamento naquela praia meio distante. “Não, você não pode ir”, e para o jovem aquela frase soa como se fosse o fim do mundo.
Quando se é jovem, a gente nunca consegue entender completamente esses vetos dos nossos pais. Digo, esses vetos dos pais que se preocupam com seus filhos – já que, infelizmente, a tendência atual dos pais é “deixar correr solto”, confundindo liberdade com omissão.
Por mais que os pais tentem explicar os motivos da sua recusa, nenhuma frase no mundo é capaz de convencer um jovem de que há, sim, um motivo muito forte para que seus pais tenham vetado aquele programa aparentemente inocente. Um motivo que ele só será capaz de entender completamente quando tiver seus próprios filhos. Lembra-se de quando, após dizer um “não”, sua mãe completou a frase dizendo: “Você só vai entender quando for pai”? É a mais pura verdade!
Depois que se tem um filho nos braços, a gente entende que nossa principal função nesse mundo é amá-lo e mantê-lo a salvo de todos os perigos. E quantos perigos! Nos primeiros meses, são as típicas doenças da infância, aliadas a um despreparo de boa parte dos médicos de plantão. Você abre o jornal e vê casos de crianças morrendo de dengue hemorrágica e corre para a farmácia para comprar todo o estoque de repelentes. Entra no Orkut e vê um tópico citando que o filho de uma moça da comunidade está com leucemia, à beira da morte, e nesse momento já fica imaginando que irá congelar o cordão umbilical do seu próximo filho para poder ter uma alternativa caso uma desgraça dessas desabe sobre seu teto. No portal de notícias que você costuma acessar, vê a notícia de um bebê de dois meses que foi ao pronto-socorro com problemas respiratórios e acabou morrendo em decorrência de um medicamento fortíssimo e desnecessário prescrito pela pediatra de plantão, e nesse momento acaba lembrando que, quando sua filha tinha apenas um mês, a médica de plantão tentou medicá-la com um antibiótico proibido para menores de 12 anos e que você, por sorte ou intuição, não permitiu.
Depois eles começam a andar e você inevitavelmente será atraído pelas notícias sobre mortes decorrentes de acidentes domésticos. Percebe uma movimentação na casa em frente ao prédio onde você trabalha e descobre que o menino de 2 anos que morava ali acabou de morrer afogado na piscina, depois de um descuido da babá, e nesse instante você agradece a Deus por não ter piscina em casa e por seu filho estar em uma creche segura, e não nas mãos de uma babá. Mas no dia seguinte você lê outra notícia sobre uma criança que morreu engasgada na creche e sente um desespero por saber que não pode ficar em casa cuidando do seu filho e que, infelizmente, precisa confiar na creche onde seu filho está agora.*
Não é por outro motivo que, sempre que um casal engravida, alguém mais experiente acaba dizendo a fatídica frase: “Acabou-se o sossego de vocês”. É a mais pura verdade. Acabou-se o sossego não por serem as crianças agitadas ou terríveis, nada disso. Acabou-se o sossego porque agora você tem o seu coração batendo fora do seu peito, no corpo de uma pessoinha que você ama muito mais do que a si mesmo.
O mundo todo adquire um novo significado. Notícias que antes eram lidas com displicência agora viram motivo de angústia e apreensão. Choramos pelo João Hélio por imaginar a dor de sua mãe, vendo o filho ser arrastado pelo carro. Choramos pela Eloá por imaginar o desespero de seus pais, que nada puderam fazer para salvar sua vida. Cada caso de violência ou morte envolvendo crianças e adolescentes mexe conosco de forma intensa, pois nos colocamos no lugar dos pais daquela criança ou adolescente.
Portanto, quando o filho chega aos 18 anos, isso significa que seus pais carregam uma bagagem de 18 anos de notícias sobre os perigos dessa vida. Quando a filha pede para acampar em companhia de uma amiga, os pais dizem “não” por lembrarem o caso de duas adolescentes que viajaram escondidas dos pais e acabaram sendo mortas por um maníaco em Pernambuco. Quando os pais permitem que o filho vá a uma festa sob a condição de que volte para casa de carona com eles, fazem isso por lembrar das dezenas (centenas?) notícias de jovens que pegaram caronas com amigos embriagados e nunca mais voltaram para casa.*
Para os pais, o desafio é ter discernimento para permitir que os filhos tenham a liberdade necessária, evitando assim a superproteção, que é prejudicial ao crescimento de qualquer indivíduo.
Para os filhos, há que se ter muita paciência e carinho, sabendo que seus pais só fazem isso porque os amam, lembrando sempre que um dia eles também serão pais e farão o mesmo para proteger seus filhos.
Beijos da Phoebe!
* Todos os exemplos citados são verídicos.
16 de fevereiro de 2009 às 16:00
Lindo… Phoebe sempre emocionando a gente… Eu me lembro de cada caso que você citou, inclusive de sentir arrepios ao ler/ver.
E estou angustiada já pensando no dia em que minha pequena Sophia pedir “mãe, posso acampar com as amigas?”… Vou começar a pensar desde já! hehehe
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16 de fevereiro de 2009 às 16:32
Belo texto Phoebe!
Como é bom saber que ainda existem bons pais, ou melhor maus pais, pois esses sim são os que querem o bem para seus filhos.
Esses textos me deixam com vontade de ser pai… Pois sei que serei um excelente pai, modéstia a parte…
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19 de fevereiro de 2009 às 17:09
“Acabou-se o sossego porque agora você tem o seu coração batendo fora do seu peito, no corpo de uma pessoinha que você ama muito mais do que a si mesmo.”
Chorei…
[]‘s
Compulsivo
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