Resposta ao Leitor sobre a Dança do Créu
Por Mafalda - 10 de novembro de 2008. Categorias: Cantinho das Monas.
Então Ivanildo. Nós pais damos os exemplos e selecionamos – ou não – aquilo que as crianças assistem.
Tem gente que assiste em família o Pânico e outros programas que tem quadros apelativos. Nisso as crianças aprendem a dança do momento, que existe a mulher samambaia, etc.
Aqui por exemplo, nós somos meio nerds, então ficamos todos no computador. E as crianças assistem só programas infantis.
Claro que este é o nosso modo de vida, cada um tem o seu.
Entretanto a criança não vive só dentro de casa, ela tem o meio social dela, que costuma ser a escola, o parquinho em que costuma brincar com as crianças vizinhas, a casa dos parentes.
A minha filha de 6 anos, nunca assistiu a dança do créu aqui em casa, então por aqui ela nem sabia. Mas um dia, voltando da escola ela solta que o amiguinho fez a dança do créu. Eu perguntei como era, e ela deu uma reboladinha e não tinha a mínima idéia do que era isso. Era só uma dança engraçada.
Então não tinha nem motivo para pegar no pé dela, sendo que nem tinha idéia ou noção.
Às vezes é melhor não dar bola, nem enfatizar, e eles logo esquecem, como ela logo esqueceu.
Muitas vezes, os pais elogiam ou então falam ruborizados que não pode fazer aquilo, e sem explicar. A criança viu que aquilo chamou a atenção mais que o normal, e irá repetir.
Porém tudo isso não se compara à aqueles pais que incentivam danças sensuais ou eróticas, que compram roupinha do Tchan para suas filhas pequenas dançarem na boquinha da garrafa, ou ensinam e incentivam os meninos a fazer a dança do créu.
Eu não vou estender minhas idéias sobre isso, mas acredito que o sentido moral das coisas perdeu-se à muito tempo. O que é moral afinal?
Mas te digo uma coisa Ivanildo, não é fácil ser pai e mãe! Só quem embarca nesta aventura é que sabe.
Beijos da Mafalda
10 de novembro de 2008 às 14:22
Ah, obrigado pelos comentários, Mafalda. Não tenho filhos, ainda, mas essas influências realmente me preocupam muito. Felizmente fomos (eu e meus irmãos) muito bem educados e as influencias externas foram mínimas em nossa formação de caráter.
Vou citar um caso até grotesco, de quando viajei para Natal, semanas atrás. Minha tia relatou o caso de uma menina, bem novinha, não lembro bem mas devia ter uns cinco anos, mais ou menos. Ela estava sentada na frente de casa, simulando que estava ao celular “falando com seu ‘macho’ “, usando suas próprias palavras.
Presumidamente, ela aprendeu aquilo com a própria mãe, que deve falar assim na frente da filha e achar isso normal. Até aí, a criação dela pode estar comprometida, ou não, dependendo de como outras pessoas podem chegar a orientar essa menina, ainda nova demais para ter costumes permanentes.
Isso é só pra testemunhar como as influencias negativas podem vir tanto de fora quanto de dentro de casa, de acordo com o equilíbrio e (falta de) juízo dos pais.
Novamente, obrigado, meninas.
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10 de novembro de 2008 às 15:10
Concordo com vc, Mafalda!
Bela mensagem. Muita gente nao percebe, mas os filhos sao espelhos dos pais. Os seus costumes, os seus habitos, maneira de falar… tudo isso é captado pela crianca que repete achando que é o normal. Por isso a tarefa de criar um filho é dificil e linda ao mesmo tempo.
Ainda nao tenho filhos, mas se Deus quiser, um dia vou ter!
Beijos lindas,
Livia
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10 de novembro de 2008 às 15:55
Eu que agradeço o email e a pergunta Ivanildo!
Muito legal e bonito o que vc disse, Livia. Concordo com cada palavra.
E é por isso que você cresce quando tem filhos. Porque passa a ver naquele pequeno ser que se espelha em você, todas as sua qualidades e defeitos!
Bjs
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10 de novembro de 2008 às 18:40
Não sou pai, mas tenho dois afilhados: Um menino de 6, uma menina de 5 anos e uma cunhadinha também de 5 anos.
Minha noiva acha uma graça ao ver a irmã tentando dançar o créu na velocidade 5 e ainda ensina a apoiar-se na estante para imitar a Melancia. Acho o cúmulo e já disse várias vezes com ela em não incentivar tal coisa, muito menos ouvir e/ou ver tais degradações. Como padrinho sempre me vi na obrigação de ajudar na educação, tanto que são os filhos da minha irmã o que me deixa com uma responsabilidade ainda maior. Apesar de ter 26 anos acho-me um pouco quadrado e conservadorista. Com as três crianças eu tento passar o máximo possível com eles em atividades mais educativas, seja brincando com quebra-cabeças, seja vendo filmes infantis ou qualquer outra coisa que estimule a inteligência dos pequenos, não dá para fugir de tudo, concordo e também, certas horas, prefiro não dar tanta bola, na cabecinha deles é tudo muito ingênuo, mas da mesma forma que eu escolho se quero ficar vendo massivamente o sensacionalismo jornalismo televisivo, impresso ou sonoro a ler um bom livro educo a criançada mostrando que há outras maneiras de dançar, cantar e até mesmo ouvir certas coisas.
Fica aqui minha adição.
abs.
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10 de novembro de 2008 às 18:40
É… isso explica algumas coisas sobre meus filhos, rsrssrsrsr
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10 de novembro de 2008 às 21:33
Essas ondas passam… Eu vi lambada, eu vi tcham, eu vi créu, e tudo isso acaba passando. Outro dia vi uns moleques fazendo sozinhos a velocidade 5, e aquilo para eles é brincadeira, é como se fosse uma caverinha tremendo. rsrs. Já entrando no lado sério do assunto, acho que a comunicação é o melhor caminho, ou mesmo fazer que nem uma amiga minha fez com a sobrinha dela: “Quer ir em um baile funk? Vou junto”. As vezes até é melhor tentar se entrosar para saber se é isso tudo de feio mesmo, um lugar que seja mais tranquilo essas coisas. Teve uma militante do movimento que disse que ninguém dança Chico Buarque. Já apresentou Chico Buarque para o seu filho?
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10 de novembro de 2008 às 23:38
Caracas, e eu achando que criava monstros por ai…
Eu fiquei chocado com um vídeo meio forte (o que fazem com um estuprador na India) mas só a foto desse texto e o assunto me deixaram mais chocado XD
Acho q vou me adiantar e começar a baixar episódios de vários programas da cultura pra quando eu tiver filhos ja sei o q vou mostrar para eles XD
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12 de novembro de 2008 às 2:28
Sabe, eu trabalho em colégio. Não tenho contato direto com os alunos, mas acabo encontrando com alguns pelos corredores e tals.
Algumas vezes, fico horrorizado com coisas que eu vejo por lá!
Tipo, menininhas com uns papos sinistríssimos! E, na boa, acho que o papo mais acalorado aqui do Monacast, quando as senhoritas descambam a falar de pintos e etcs, acho que mal chega perto do que essa meninada anda falando – e fazendo, por que não?
Creio eu que a mídia e a banalização da sexualidade têm sua parcela de culpa, sim. Mas cabe aos pais dar a devida instrução e esclarecimento aos filhos, e infelizmente acho que não é bem isso que anda acontecendo.
Vejo essa geração como os filhos da internet, criados pelo Orkut e pelo MSN, alimentados por tudo quanto é tipo de porcaria que a net proporciona; e tudo isso respaldado pela ausência dos pais na educação…
Enfim… não se educam mais crianças como as de antigamente.
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13 de novembro de 2008 às 22:46
Esta semana vi um debate na Globo.com com duas deputadas, uma responsável pela elaboração do ECA, e outra era da CPI da pedofilia…
Bem, interpeladas sobre as leis serem ou não suficientes, elas disseram que não adianta muito ter leis enquanto a sociedade não mudar. Enquanto pais e mães continuarem vestindo seus filhos como adultos, e não como crianças, dando bebidas aos meninos pra mostar que são machos, e colocandos roupas sexys nas meninas.
E mais: elas ligam o aumento dos casos de pedofilia a esta erotização da nossa infãncia. Que na Espanha e Alemanha as crianças se vestem e se conportam como crianças, até os 10/11 anos..
Talvez esteja faltando isso aqui:tratarmos crianças como crianças.
Onde moro, achar sapatos de meninas que sejam baixos e próprios para crianças brincar é difícil. Mas é fácil achar sandálias altas, imitando as das Top Models…
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14 de novembro de 2008 às 3:22
Também concordo que tudo é questão de exemplo. Lá em casa meus pais sempre ouviram muita MPB e Pop Rock Nacional, além de outras músicas de qualidade. Mesmo com todos os Tchans e coisas do tipo, acabei me tornando uma adulta que gosta do mesmo tipo de música que eles. Meu irmão, que é mais novo, também não escapa muito disso. Mesmo quando viajava jogando futebol, sempre levava música boa pra ouvir.
E como assim ninguém dança Chico Buarque, Queiroz? Meu irmão apresentou no Teatro Nacional de Brasília um musical só com músicas do Chico cantadas e dançadas no ritmo de hip-hop. O espetáculo chamava-se Construção. Muito bom!
Beijos
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29 de novembro de 2008 às 19:15
Exatamente por esses tipos de “música”, e principalmente a “dança”, que crianças estão se tornando adolescentes precoces. Por mais que elas sejam inocentes e não entendam seus gestos, o organismo entende!
Isso gera estímulo na estrutura psicomotora e temos aí uma série de meninas e meninos entre 12/15 anos, perdendo a melhor parte da vida, a infância.
É LAMENTÁVEL!
O pior é assistir pais e mães aplaudindo essa manifestação! Mal sabem a transformação que estão gerando em seus filhos…
O erotismo está muito presente no dia-a-dia. Basta passar pela banca de jornal e deparar-se com centenas de revistas (e até jornais!) com fotos expondo mulheres seminuas. Os camelôs vendem seus vídeos eróticos na altura dos olhos de qualquer criança. Os programas televisivos exploram esses assuntos em horários imprórios. É trágico, pois estamos tratando do futuro desse país!
Cadê os parques cheios nos dias ensolarados de domingo? Qual dessas crianças sabe a estória da Cinderela, Bela Adormecida, Os Três Porquinhos… ?
A partir do momento que tomamos ciência da proporção que essas manifestações alcançam, nós, como parte da sociedade temos obrigação de orientar, esclarecer, contribuir para o crescimento saudável das crianças que estão em nosso convívio, pode ser uma pequena parcela, mas é plantando que se semeia!
Parabéns aos pais que lutam para educar seus filhos de maneira a conviver adequadamente no ambiente social!
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