Arrumando o material escolar das meninas, lembrei que sempre que se volta às aulas, a primeira coisa que os professores pedem é uma redação intitulada “Minhas Férias”. Haja criatividade para quem ficou as férias inteiras em casa.
Aqui, nós conseguimos tirar uma semana para pegar uma praia. Consultava todos os dias, uma semana antes da viagem, a previsão do tempo e lá estava o gráfico infeliz: o sol escondido atrás da nuvenzinha com chuva, às vezes com um raio junto. “Oh! Não! As crianças excitadas para sair, chega lá e chuva?! Socorro, São Pedro!” Pessoas que voltavam do litoral avisavam: “Peguei só chuva lá, boa sorte pra vocês.”
Mas captei os pensamentos positivos da minha amiga Phoebe, que é uma Poliana, e lembrei que em outros anos, na mesma época, a chuva só aparecia à tarde, e de manhã dava para aproveitar o mar e a piscina.
Então lá fomos nós de mala e cuia, para nossa pousadinha. Na pousada boa parte dos hospedes eram familias, mas tinha também os jovens. Como previsto, a chuva aparecia à tarde e de manhã corríamos para a praia.
No primeiro dia, doida para aproveitar ao máximo, queria ficar muito tempo, lagartando entre a areia e o mar. O tempo estava nublado, e por conta disso, eu e marido nos descuidamos do protetor solar. Resultado: mormaço nos pegou, e ficamos com aquela cor linda vermelho-roxo. Posso agora dizer que existe uma nova categoria de mulher-fruta: a mulher tomate – aquela que se descuida no sol. Há quanto tempo não me queimava assim!! Ainda bem que as crianças estavam devidamente protegidas.
Na pousada, durante a tarde chuvosa, enquanto as crianças ficavam na sala de tv vendo um dvd, eu ficava na sala ao lado, onde tinha uma mesa de bilhar e uma rede. Era um espaço apertadinho, principalmente se tivesse algum chato querendo jogar bilhar, mas não tinha. Pude deitar na rede com meu livro, e apreciar a vista das montanhas e mata atlântica.
Mas eis que aparece um grupo de umas 4 -5 garotas, que também eram hospedes. para jogar bilhar. As meninas pareciam ter uns 16 – 17 anos, mas como estavam sozinhas ali, pelo menos 18 alguma delas devia ter. Esta geração Y…. não sai da minha rede, e elas começaram a jogar ali. Mas eis que de repente quase me vêem aquele bastão na cara, já que eu estava do lado de uma caçapa.
A jovem ficou olhando pra minha cara, meio sem graça, mas do tipo: ” Ei, você está me atrapalhando. Dá para sair daí? ” E não só ela, mas o grupo.
Traduzi oralmente este clima, e ela sem graça soltou algo como um “É”. Então levantei e sai. Não escutei nenhum: “Por favor”, “Desculpa”.
Além deste grupo de meninas, que adoravam sair de noite para a balada, e voltavam de madrugada rindo e falando alto, havia também um grupo “Sex and the City” : 4 mulheres com mais de 30 – 35 anos. Vi que, em um determinado momento, ficaram olhando meu marido cuidando das crianças na piscina, e fiquei pensando se seriam solteironas, ou divorciadas, ou saiu “comasmigas” e deixou o marido em casa…. Deve ser divertido viajar com as amigas.
Voltando à praia, em um espaço ali da areia, uma rede de tv montou um lugar com duchas e palco para shows. Saíamos sempre por ali, para passar nas duchas e me divertia com os jovens contratados para animar a temporada: “Aeeê, família!! Vai ter show de não sei quem não sei quando!!” “BELEEEÊ” – respondia, sentindo-me “a tia surfista (não Sukita, por favor)”. E acho que aproveitaram para despejar os sacos de salgadinhos – que patrocinava os shows – na gente. Voltamos com um carregamento de salgadinhos pra casa.
Os dias correram tranquilamente, deu até pra cansar da estadia em apenas uma semana. Descansei das redes sociais – isso faz um bem, gente!!! Ah, e lembrei bastante da Eubalena: gente que levava cachorro, e várias sungas brancas desfilando na praia.
Mafalda