Lendo um artigo da
revista TPM sobre 4 mulheres que optaram por não ter filhos, fiquei com vontade de comentar e expor minha visão sobre este assunto.
Fui criada para não casar e não ter filhos. Minha mãe não me dava boneca, nem aqueles brinquedos de mini dona de casa: passadeira, lava-pratos, etc. E seu discurso sempre foi feminista anos 70. hehe.
Muita coisa concordo com ela, até porque na época em que ela era jovem havia muito mais machismo e preconceito contra a mulher.
No entanto, casei e tive filhos. Escolhi este caminho, confesso que não foi fácil, já que minha criação era de “não ter filhos porque eles te prendem”, etc. Mas as crianças me trouxeram uma riqueza e um crescimento pessoal que eu não teria, se não as tivesse.
Mas voltando à matéria: afirma que o assunto é polêmico, tabu. Eu não vejo assim, pelo menos, não em São Paulo, como polêmico. Vejo que as pessoas se surpreendem e até ficam tristes com a escolha de não ter filhos, mas não chega a ser um escândalo, que a mulher vai cair na “boca do povo”.
Tenho uma cunhada que pela idade, e por não conseguir engravidar, não tem filhos. Ela não foi tentar aqueles tratamentos. Claro que meus sogros ficaram tristes por conta do filho mais velho não ter filhos. Mas ninguém condenou.
Eu gostei do artigo, com exemplos interessantes, sem ser uma panfletagem feminista. A escolha das 4 mulheres foi boa, bem interessante. Principalmente da Marta Machado. Algumas coisas que ela falou: sobre os filhos irem embora e ficar aquela vazio, ainda mais se a mulher tem depressão ou tendência, é um pensamento que passa por muitos pais. Temos sempre que nos lembrar que estamos criando os filhos para o mundo, e que depois eles vão embora. Não podemos nos esquecer totalmente de nós, pois quando eles forem embora, claro que iremos sentir, mas teremos outras coisas para nos preocupar.
Por isso que acho uma sacanagem quando escuto pessoas machistas criticando mães que se dedicam fortemente a outras coisas, além dos cuidados com seus filhos.
Para a nova geração de mulheres deve ser mais complicado a idéia de se ter um filho. Com o número enorme de separações que acontecem hoje, o grande número de mulheres chefes de familia, a descrença de um relacionamento que dure “para sempre”, sendo que nem em seu trabalho você pretende ficar mais do que alguns anos… ou meses…, que tudo é relativo e descartavel, imagino o que uma jovem deve pensar sobre a responsabilidade de criar um ser humano, sem ter a segurança de que fará isso com alguem ou terá que arcar sozinha. Isso pesa muito!
Também há a valorização do prazer e o do “não-sofrimento” a todo custo na nosso sociedade, conceitos estes fortes na mente da nova geração de 20 poucos anos. Ora, filhos trazem sofrimentos, tiram sua liberdade, e também o prazer de dormir até tarde, de não ter nenhuma preocupação, etc. Esse é o lado “negativo”, embora sofrimento nos faça crescer – já dizia o Dalai Lama. O lado positivo, existe também: muita coisa que só sabe quem vive a experiência.
Notei que uma das mulheres entrevistadas comentou que a questão de engravidar é social e não natural. Existe a pressão social, mas engravidar é natural da mulher. Estudos mostram que o fato de hoje em dia nós mulheres não engravidarmos seguidamente, tendo muitos filhos (como nossas avós) acabam por desenvolver no futuro, tumores, cancẽr, por conta do sobe e desce de hormônios todo mês. Veja, não estou defendendo a gravidez de inúmeros filhos, de jeito nenhum, mas querendo mostrar que nosso corpo foi feito para isso, e que os danados dos hormônios trabalham para isso também. E com a modernidade, nós mudamos esta posição natural de parideiras, porém nossos hormônios ainda não acompanharam esta evolução ou mudança.
Vamos muito conforme os ventos nos levam. Vejo em alguns países da Europa, que a população está envelhecendo, programas incentivando as mulheres a terem filhos. E como é dificil mudar a mentalidade de uma hora pra outra, abrem o país para imigrantes, principalmente casais que tem mulheres jovens que podem engravidar. No Canadá está assim também.
Acredito que daqui alguns anos, no Brasil, não estará diferente. E o tabu será o contrário: Você quer engravidar? O Tabu de 4 mulheres que quiseram ter filhos.
Beijos,
Mafalda
Adendo
Escrevi este post em março, e agora no final de abril encontrei estes links que confirmam o que falei sobre o envelhecimento da população, o fato das mulheres não quererem mais ter filhos, e o provável futuro problemático (pra dizer o mínimo) do Brasil.
Brasil envelhece muito mais rápido do que os países desenvolvidos
União Européia terá mais mortes do que nascimentos
Província russa tem feriado para casais procriarem
Espanha quer brasileiros para repovoar “cidades-fantasma”
Se der uma pesquisada, irá achar muito mais noticias assim. Até mesmo na China estão incentivando os casais a terem mais de um filho, preocupados com o envelhecimento da população.
Então, acredito que daqui um tempo os meios de comunicação estarão trabalhando a mentalidade das pessoas para ter filhos. E a questão da “escolha pessoal” vai virar uma questão econômica, social e de sobrevivência de um país.