Porque fazer humor e podcast é uma arte
































Categoria: Sofá da Mona


A deprê televisiva de Natal


Autor: Mafalda ~ 21 de dezembro de 2010. Categorias: Mona POP, Sofá da Mona.

Sou dessas pessoas que, se pudessem, seriam sedadas nas festas de final de ano e só despertadas em janeiro. O que posso fazer se final de ano me deprime? Apesar de sempre agradecer por tudo de bom que recebo etc e tal, sou daquelas cujo coração insiste em lembrar dos que se foram (alguns cedo demais) e dos que daqui a pouco não estarão mais ali. Então, final de ano é um ar diferente pra mim, desses densos, difíceis para respirar.

Aí você enfia a cara na TV. Vamos nos distrair pra não deprimir tanto. Péssima idéia. Na TV, toneladas de comerciais com Papai Noel fofinho (não aqueles do shopping), fatias de panetone lindas e úmidas, mães e crianças se abraçando e papais felizes por ganhar uma gravata te relembram o tempo todo da época em que está e a dona deprê chega junto firme.

Então, ao longo de mais de trinta anos em frente à TV nas festividades natalinas e de passagem de ano, fui exposta a doses altíssimas de alguns filmes e programas. Síntese da neurose que comanda nosso comportamento costumo adotar a mesma postura sempre que me deparo com tais programas, a mesma que adoto em relação a confraternizações de final de ano. Eu odeio, mas acabo participando. E ao participar, reafirmo meu ódio e me prometo nunca mais passar por aquilo. Mas esqueço em nos onze meses subseqüentes, então…
Elenquei alguns venenos de final de ano, dos quais poucos chegaram incólumes até agora.

Especial do Roberto Carlos
Quando eu era adolescente, Roberto Carlos era o resumo do cantor “chique-mamãe” (termo que empresto da Portuguesa e da Sra. Jovem Nerd porque define tudo). Cresci revirando os olhos para sua canastrice, santas e seus ternos azuis Miami Vice.

Só que o que me parece é que muitos que cresceram comigo se esqueceram o quanto também detestavam e hoje ouço esse mesmo povo chamando o cara de “Rei” em clima de apreciação. Quando esse povo muda de gosto assim? Quando casa? Tipo “bem, eu casei, agora devo estar mais velho e então devo gostar de Roberto Carlos”? .

Não importa. Todo ano o cara grava um show com participações do que estiver na moda (qualquer coisa mesmo, até Calcinha Preta já rolou), canta com cara de sofrido e depressivo (como sempre), joga o queixo pra frente naquela mordida de lhasa e aparece com o mesmo cabelo, que ficou fora de moda na década de 70.

Curiosamente, tudo em Roberto Carlos parece ser perdoado. Suas manias, sua demagogia, sua devoção-maníaca, suas gírias obsoletas e os momentos calculadamente piegas de “emoção”. O que mais me constrange é quando tentam passar uma imagem de que ele é do povo, que aprecia a cultura do homem simples. Roberto Carlos pode ter vindo de um lugar simples, mas cá entre nós, não se mistura faz muito tempo. Sim, o cara tem músicas geniais, mas essa produção de qualidade foi minguando com o tempo. Infelizmente, até o valor de sua obra se compromete com esses especiais.

Filmes geradores de culpa
A lista é grande, mas todos filmes são uma variação do mesmo tema: você, basicamente, deveria ser alguém melhor. A mensagem é essa afinal.

Então, se você se mata de trabalhar pra conquistar alguma coisa, recebe a mensagem de que deveria ter ficado mais com a família. Se é totalmente dedicado à família, recebe uma mensagem de que deve ter outros objetivos também.

Pais, mães, filhos, avós e netos. Se nos basearmos nesses filmes, ninguém está cumprindo seu papel familiar direito. E se você não gostar de Natal… talvez nem tenha salvação! Mini-lista pra se afundar: “Fantasma de Natal”, “ Esqueceram de mim”, “Grinch”, “O Milagre na Rua 34” (ou De ilusão também se vive), “A Felicidade Não se Compra”, “Rudolph, a rena do nariz vermelho”, “Conto de Natal”, “Simplesmente amor”, “Anjo de vidro”, etc …

Restrospectiva
O ano foi difícil e conturbado. Teve dias que você rezou para o tempo passar e deixar para trás algumas coisas. Não adianta. Se você assistir uma Retrospectiva da Globo, prepare-se para afundar.

Quando eu vejo o placar com o ano e o Sérgio Chapelen, já sei que terminarei o programa com aquele nó na garganta. Você terá que reviver momentos trágicos como incêndios, enchentes, tsunamis, guerras, assassinatos, seca no Nordeste, miséria, gripe suína, morte de celebridades, eleição do Tiririca…

Tudo com cenas em câmera lenta e música pesada pra te fazer chorar. Quando você não agüenta mais tragédia, eles relembram que nasceu um panda no zoológico nos cafundós ou um bebê que foi resgatado com vida de um desabamento, simbolizando a esperança da vida e jogando uma pá de cal no seu astral.

PS: Feliz Natal a todos!


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Conhece a Fernandona?


Autor: Mafalda ~ 14 de dezembro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

Você conhece a Fernandona? Não?! Então está perdendo uma das personagens mais engraçadas da TV brasileira nesse ano. Fernandona virou quase uma febre graças a MTV. E há bons motivos pra isso.

Não é de hoje que a MTV aposta em novos talentos, experimentando também outros formatos menos usuais na TV brasileira. Compreensível. A MTV não tem o alcance de muitos canais abertos e tem um público predominantemente jovem e geralmente aberto ao novo. Ao mesmo tempo, o público jovem está sempre em busca de novidade e a criação constante acaba sendo obrigatória para prender a atenção desse telespectador.

Nesse ano, os programas Comédia MTV e 5ª Categoria foram os responsáveis por muitas de minhas risadas… Não são estréias recentes. Sequer são inéditos em seu formato. Não importa. Esse não é o trunfo dessas atrações. A sacada de ambos é o elenco talentoso e bem preparado tecnicamente, com vivência no improviso e com boa galeria personagens. Nada de risadas gravadas ao fundo (naquela vibe Zorra Total), nada de grandes efeitos especiais. A graça nasce da interpretação e do bom texto. No politicamente incorreto na dose certa, no deboche de si próprio, na metalinguagem.

Quem passou a adolescência vendo TV Pirata e produções nosenses dos anos 80, logo reconhece as referências. Some-se a isso a habilidade musical de Marcelo Adnet, criando sucessos como “O lado bom de ser gay”, “Gaiola das cabeçudas” e “Chupeta é compromisso” (do grupo fictício Conexão Playground – imperdível).

Dani Calabresa e Talita Werneck são as figuras femininas do elenco. São tão talentosas e versáteis que bastam. Imitações impagáveis e personagens memoráveis como Fernandona (eu rio sozinha só de lembrar de algumas cenas delas). Muito bom ver atrizes fazendo humor, deslocando-se de papéis e personagens “clichês” e criando esse humor debochado e voltado para todos (não apenas mulheres).
Se você precisa relaxar e ainda não conhece, aí está a dica! E para quem ainda não teve o prazer de conhecer, aqui está um pequeno vídeo da Fernandona.


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Memória de elefante – será que só eu lembro?


Autor: Mafalda ~ 7 de dezembro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

Embora me traia em momentos decisivos, minha memória não brinca em serviço quando o assunto não é urgente, importante ou necessário. Guarda tudo.

Não sei se você já passou ou passa por isso: de repente, ninguém ao seu redor tem a mais vaga idéia sobre a que você se refere. Nada. É como se apenas você tivesse sido abduzido para uma dimensão paralela, vivenciado coisas e as memorizado.

Quando volta ao nosso planeta, só você tem essa lembrança. Pessoas de sua faixa etária, gente com quem você conviveu (até na mesma casa!) e que simplesmente apagou certas coisas da mente. E sequer se importam, afinal, não se sente o que não se lembra. Mas você, aparentemente o único que se lembra daquele programa de TV, daquele desenho, daquele artista etc, está condenado a vagar num mundo desmemoriado sem ter com que dividir suas impressões sobre o assunto.

Sabe o que acontece com o passar do tempo? Você nunca mais toca no assunto. Dá preguiça tentar explicar uma lembrança para refrescar a mente do outro, não dá? Não? Então faça isso umas cem vezes e me responda depois.
Esperançosa com o alcance da internet, registro algumas de minhas memórias televisivas que nunca tiveram resposta do hipocampo cerebral de meus convivas. Lanço-as no espaço, como aquelas cápsulas enviadas pela NASA (ou nos filmes) para levar uma mensagem, sem saber se haverá resposta… Hoje, trago alguns desenhos (de uma grande lista) que parecem ter evaporado das cabeças dos da minha geração (década de 70).

O motoqueiro
Nem vou entrar em detalhes. Irmãos envolvidos em shows de com motocicleta, globo da morte e acrobacias pelos EUA, ajudando a resolver problemas blábláblá… Era o desenho que eu mais esperava passar numa época da infância. Era fixada no motoqueiro, o Devlin, um tipo de John Travolta dos desenhos. Já andei muito com minha bicicletinha brincando que estava nas motos desse desenho. Este foi o único vídeo (do todo o youtube!) que consegui. E aí? Alguém se lembra?

obs: a imagem é de má qualidade mesmo

Os Muzzarela (Mozzarela, Mussarela)

A idéia é de um tipo de Flintstones só que na Roma antiga, no auge do império romano. Ao mesmo tempo, com uma fusão com a cultura norte-americana (também como nos Flinstones). O argumento era muito legal e referencias ao mundo moderno, adaptadas para recursos da época, bem engraçadas. A família central, que dá nome ao desenho, tinha a Precócia, a caçula inteligente, Zecas (o pai), Brutus era o leão mascote que vivia clandestino na casa (sob a suspeita e perseguição do Sr Chatus, o senhorio). Sim, os nomes dados na dublagem era muito bacanas e criativos. Só encontrei uma amiga até hoje que sabia que desenho era esse. E aí? Ninguém?

Urso do Cabelo Duro

Um de meus sonhos era ter a motoca imaginária em que montavam os três ursos protagonistas durante suas fugas. Eles moravam num zoológico, aprontavam e escapavam do zelador (um magro e um gordo). A caverna deles era super equipada e luxuosa, com comidas gostosas (e proibidas). Eles escondiam todo o aparato, com alavancas que moviam as paredes. Espero que alguém reconheça, como eu, a voz do saudoso ator e comediante Franscisco Milani dublando o próprio Urso do Cabelo Duro neste trecho do desenho.


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CQC – Humor Inteligente e Inovador?


Autor: Mafalda ~ 1 de dezembro de 2010. Categorias: Mona POP, Sofá da Mona.

Ao saber da novidade CQC, fiquei animadinha na época, saudade de irreverência… E quando vi que seria o Marcelo Tas no comando, apostei num projeto inovador, bem humorado e inteligente. De imediato gostei do programa e passei a assistir. Atualmente, não suporto nem quinze minutos. Mudou o CQC ou mudei eu em tão pouco tempo?

Quando assisto ao programa atualmente, salta-me aos olhos um enorme trem de clichês e preconceitos engatados, correndo pelos trilhos do senso comum que nunca levam a lugar algum. Percebi só agora ou isso é coisa recente?

Entrevistar artistas e celebridades, na maior parte das vezes é um desfiar de elogios exagerados ou provocações deselegantes. Quando o artista é da Globo, percebe-se um misto de menosprezo e babação de ovo. Tem coisa mais 5 minutos atrás? E piadas sobre gays, travestis e obesidade?  Piada sobre argentino? (Oi? Cadê a inovação?). O stand up pode ter à sua frente os jovens talentos do CQC, mas em matéria de TV, o que observamos são mentes retrógradas.

Quer uma prova? Se há um problema numa cidade e se procura o órgão responsável, a encenação é sempre de ser o justiceiro detentor da única verdade, o dono da razão. Chegam arrogantes nas repartições e muitas vezes destratam os funcionários do local, quando os mesmos se mostram insatisfeitos pela invasão (muitas vezes cumprindo ordens). Independentemente da gravidade de qualquer problema, precisa tudo isso? CQC aposta no poder da TV em constranger para obter respostas de encarregados, no direito de chegar a qualquer hora com câmera e microfones apontados para todos os lados. Desse jeito, é o CQC que me constrange mais. Dar uma de macho em repartições é a resposta pra nossa sociedade então?  O humor bacana cabe em qualquer lugar. Talvez seja o motivo de sentir as piadas do CQC cada vez mais deslocadas. Vide sua lamentável cobertura da Parada Gay, por exemplo, e o mau uso do humor politicamente incorreto no twitter.

CQC
Equipe do CQC: em dívida com o humor inteligente

O humor inteligente nos transforma. Expõe características e feridas que todos temos. Esfrega em nossa cara a nossa cumplicidade em problemas sociais, trazendo perguntas e/ou novos pontos de vista. O humor do CQC me parece mais com o daquele tio metido a engraçado (mas que é só chato) que comprou o CD de piadas do Ari Toledo e as repete sem parar mesmo quando não é apropriado. Outro patamar.
Atualmente, o momento que assisto e que tem alguma graça, é o TOP 5. Curiosamente, a exposição de trechos bizarros de outros programas. De volta à bancada, metralhadora verbal, cachoeira de comentários repetitivos e de ironia e humor óbvios demais. Será que eles têm que fazer assim para a maioria do público sacar? Os temas escolhidos parecem sempre vindos: a) de um patrocinador (matéria paga); b) assuntos mais pesquisados do Google news. O marketing e o oportunismo, o caminho mais óbvio do assunto da semana parece ser o único adotado pelos roteiristas. Nada a médio ou longo prazo.
O CQ-teste, que poderia ser muito engraçado e gancho para perguntas e respostas diversas, traz mais subcelebridades e mulheres hortifruti que pessoas que tenham algo de legal a acrescentar. “Cumpadre Washington”? Jura, CQC? Humor inteligente, onde? Talvez por ver o Marcelo Tas ali (um cara que sempre admirei na TV), ainda viva em mim uma esperança de mudança de rumo, de tratamento do jornalismo com humor na TV aberta brasileira de modo mais refinado e inteligente de fato.  Transformador. Será que estou me iludindo?

CQC
Marcelo Tas: minha esperança de mudança no CQC


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Mike & Molly – ainda não foi desta vez…


Autor: Mafalda ~ 23 de novembro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

Achando tudo muito civilizado e evoluído, lá fui eu assistir ao novo seriado Mike & Molly (Warner), cujo chamariz é ter um casal de protagonistas obesos. Não é pouca coisa se pararmos para pensar no risco que a produção tem de fracassar em tempos de beleza talhada, padronizada e pasteurizada em parcas polegadas. Mostrar o diferente, a minoria, gente fora do padrão de beleza é sempre um risco num veículo de massa como a TV, que vive de audiência, números e patrocinadores. Então, quem produz seriado quer que o mesmo bombe na audiência. Caso contrário, a primeira pode ser também a última temporada.

Serei honesta: vi dois episódios e não estou ansiosa pelo terceiro. Antes que a patrulha do politicamente correto já se assanhe para me atacar, vou logo avisando: a série seria fraca independentemente das medidas de seu elenco. Fiquei pensando no “x” da questão: a idéia de um casal obeso é boa e atual… Então, por que não está funcionando?
A resposta é justamente a monotonia das piadas e situações criadas quase que exclusivamente em torno do peso do casal principal. Eu conheço pessoas gordinhas que são bem resolvidas e felizes e elas não ficam fazendo piadas sobre isso o tempo todo. E não fazem por um motivo óbvio: é muito chato.

mike-and-molly

Mike & Molly: quantas vezes você agüenta ouvir a mesma piada?

Mike & Molly representaria um passo maior na luta contra o preconceito e a ditadura dos padrões estéticos se não tentasse arrancar piada sobre a obesidade em cada frase. Uma pena. Os atores que encarnam Mike e Molly são ótimos, mas padecem com um roteiro fraco e diálogos pouco naturais. Quase não há tramas secundárias, que podem enriquecer o roteiro. Nos episódios que vi, percebi atuações em um tom muito exagerado do elenco de apoio. A irmã da protagonista em certas cenas supostamente cômicas, mais lembrava uma atriz de teatro infantil amador (nada contra teatro infantil, desde que seja bom). Talvez, a inclusão de atores e atrizes fora do padrão estético em bons papéis signifique muito mais na aceitação da diversidade.

Vide a marcante atriz espanhola Rossy de Palma, que ostenta uma rara feiúra que a torna quase um quadro cubista. Seus papéis nos filmes de Almodóvar poderiam ser feitos por atrizes com outra aparência porque não se apoiavam apenas nisso. O que dizer de Kathy Bates, então? Gordinha desde sempre, sem qualquer atributo físico capaz de despertar inveja, Kathy venceu no universo mais cruel com o diferente: o do cinema. Talento monstruoso, atuações irretocáveis. E daí me lembro de um imenso Marlon Brando em O Poderoso Chefão. Sua obesidade era secundária a outros aspectos da personagem, embora também seja um de seus componentes. E o que dizer dos impagáveis e rechonchudos Eric Stonestreet (Cameron) e Rico Rodriguez (o jovem Manny) do seriado Modern Family (Fox)?


Rico Rodriguez e Eric Stonestreet. Roteiro e bons diálogos pesam mais.

Quando eu penso em Mike & Molly, percebo que tratar um casal de obesos como apenas dois espécimes acima do peso é muito pouco para sustentar uma trama. Porque a vida de todo mundo é muito mais que isso, qualquer que seja sua aparência.  A série até teria potencial e graça se não insistisse em patinar na ironia auto-depreciativa.


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O BOM E VELHO MAX CADY


Autor: Mafalda ~ 10 de novembro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

Zapeando pelos canais de filmes, tarde da noite, encontro uma reprise de Cabo do Medo (Cape fear, 1991 sob direção de Martin Scorsese). Movida apenas pela curiosidade de observar se os atores haviam envelhecido muito de lá pra cá (sim, Nick Nolte parece estar em outra encarnação), deixei por um tempo no canal, sem nenhuma intenção de assistir de novo, pois não haveria emoção por já conhecer a história.
Quanta ingenuidade! Eu não contava com o fator Max Cady. E como resistir à mórbida mistura de sedução e asco provocada pelo sociopata que apavorou 10 em cada 10 pais de adolescentes rebeldes na década de 90?
E daí, não teve jeito. Exposta a 30 segundos de De Niro na pele de Max Cady, só pisquei novamente quando o filme terminou.


Robert de Niro como Max Cady: tem como piscar?

Não há pior vilão do que aquele com o qual você se identifica. Ao saber da história de Cady, nem que seja por uns minutos, todos refletimos na sacanagem sofrida, no erro proposital de quem era pago para advogar em seu favor, na prepotência do advogado em querer estar acima do sistema.
E aí bateu uma constatação… Faz tempo que o cinema não me traz um aterrorizante Max Cady. Um sociopata de tirar o sono, um filme com altos e baixos, rico de humanidade e talvez daí provocar nosso lado sombrio. Faz tempo que um grande ator não encarna esse papel. Os últimos que haviam me impressionado foram o insano Coringa de Heath Ledger e o oficial nazista de Christoph Waltz, mas de resto… Parece que nos dias atuais o medo se infiltrou em tudo e que os piores filmes de terror podem ser gravados pela câmara escondida de um casal desconfiado dos atos de sua babá. Esse terror é o pior, o que parece nossa realidade, o tangível.
Max Cady amargou catorze anos na prisão pelo estupro de uma prostituta. Paira a dúvida se sua condenação foi resultado da omissão de seu advogado em não mencionar a ocupação da vítima, o que poderia ter mudado a sentença. O advogado é o chefe da uma típica família americana em escalada na profissão e nos jogos sociais para tanto. Max estuda na cadeia e se foca em Direito, arquitetando um plano para aterrorizar o advogado Sam sem resvalar em nenhuma lei. Robert de Niro é tão perfeito na pele do bandido, que há momentos em que torcer pelo vilão é quase obrigatório, só pela interpretação impecável.
Algumas críticas colocam o filme como cru, sem sutileza, por compará-lo ao seu original de 1962 de J. Lee Thompson. Perda de tempo. São filmes inspirados na mesma história, mas não há como pensar Cabo do Medo sem De Niro e só por este detalhe, torna-se outro filme. Minha opinião é que a violência explicitada na versão de 1991 já apontava a intensidade necessária para impactar um público para quem a violência seria cada vez mais banalizada a partir dos anos 90. A dica é essa: Cabo do Medo, de 1991, sim e quantas forem as reprises!


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O Contador de Histórias


Autor: Mafalda ~ 4 de novembro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

Produzido pela atriz Denise Fraga e dirigido por Luiz Villaça (ambos do antigo quadro “Retrato Falado” do Fantástico e do filme “Cristina decide casar”), O Contador de Histórias aposta no relato da vida do mineiro Roberto Carlos Ramos, ex-interno da FEBEM e ex-menino de rua, que se tornou pedagogo e afamado contador de histórias.

Família pobre e numerosa, mãe analfabeta, cotidiano miserável que atropela sentimentos e fazem esta mãe agarrar-se na nova promessa do governo para os filhos da população carente: a FEBEM. Foi no televisor preto-e-branco do vizinho que esta mãe vislumbrou alguma cor para o futuro cada vez mais sombrio de seus filhos: uma propaganda com salas de aulas com alunos engomados e bem penteados, cheios de vivacidade e alegria e a promessa de tornar “doutores” os filhos dos pobres.
Em uma equação dolorosa, escolhe dentre tantos filho, o caçula Roberto de 6 anos. Dia seguinte, lá está ela, tentando se convencer que havia feito o melhor para o menino ao deixá-lo aos cuidados do Estado na unidade da FEBEM.

A trajetória de dor, abandono e sofrimento é contada com ares irônicos que provocam sorrisos amargos e amarelos, resultado de um senso de humor típico da “mineirice” do protagonista. Quem conhece Minas Gerais como eu, sabe do que estou falando.

Apesar das visitas regulares da mãe, é evidente a degradação da estrutura dócil e afável do garoto e sua institucionalização. O semblante torna-se endurecido, o olhar distante, refratário até ao contato com a própria mãe durante as visitas. Transformação obrigatória para sua sobrevivência em um ambiente tão cruel em que impor-se ao grupo fazia a diferença entre uma vida dura ou miserável. Com o tempo, aprende a fugir da instituição (foram mais de 100 fugas), cometer delitos, furtos, a usar drogas… A promessa de tornar o menino doutor não se realizou e ele chegou aos 13 anos analfabeto.

A trajetória de destino óbvio é interrompida com o encontro com a pedagoga francesa Margherit Duvas (Maria de Medeiros). Uma inusitada e tocante aproximação, a oferta de um olhar humano e de respeito pela primeira vez na vida do menino mostra a imensa ousadia, coragem e paciência daquela minúscula mulher. A trilha torna muitos momentos ainda mais tocantes. Mérito de André Abujamra e Márcio Nigro. Tão pequenina, de fala mansa e sotaque engraçado, mas com força e precisão para talhar a pedra embrutecida em forma de menino e transformá-lo em um bom homem. O mesmo bom homem que talvez esteja esperando para nascer do íntimo de tantos e tantos milhares de Roberto Carlos que se empilham nas instituições e se amontoam pelas ruas.

Código para breve vídeo


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Coisas que dão medo… na TV


Autor: Mafalda ~ 26 de outubro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

“Medo – me.do.(ê) sm (lat metu) 1. Perturbação resultante da idéia de um perigo real ou aparente ou da presença de alguma coisa estranha ou perigosa; pavor, susto, terror. 2. Apreensão. 3. Receio de ofender, de causar algum mal, de ser desagradável. sm pl Gestos ou visagens que causam susto.”
Fui buscar no dicionário só para nomear com exatidão meu sentimento frente a alguns programas no ar atualmente.

5. Betty Abrahão & você (Rede Família)
Está se perguntando: Betty who? De acordo com seu website “Betty Abrahão & Você” é comandado por uma das mais carismáticas, inteligentes e versáteis apresentadoras da TV (A Betty que você não sabe quem é). É reconhecida como uma das mais influentes entrevistadoras do País e está sempre na lista de convidados das melhores festas e eventos do Brasil.”
Só este parágrafo já me causa arrepios… ”mais influentes entrevistadoras do país”? Quem ela tem influenciado? Mas nada contra. Esse programa só está aqui por um único motivo: eu tenho medo da voz de Betty Abrahão! Encha-se de coragem e encare o trecho de vídeo a seguir. Enquanto ouvir, tente fazer o difícil cálculo de quantos maços de cigarro essa simpática senhora deve ter fumado até hoje (Pra tornar tudo mais pavoroso, escolhi um trecho em que Betty conversa com uma sexóloga. Certamente uma das coisas mais broxantes que já assisti). Só os bravos agüentarão chegar ao final deste vídeo.

4. A Fazenda (Record)
Não importa a edição, A Fazenda me assusta. Sempre. Porque é perturbador ver até onde algumas pessoas se expõem, humilham e chafurdam na lama. Até A Fazenda começar, eu tinha até certo apreço por Britto Júnior. Hoje, eu sinto um misto de constrangimento e pavor mesmo. Não consigo me divertir vendo este tipo de programa. A influência negativa, a inversão de valores, a falta de talento e a tosquice mostrada pelos participantes (e pelo apresentador) compõem um cenário infernal para mim. Fiz questão de colocar um trecho com o “ilustre” vencedor da 2ª edição: Dado Dolabella. Sim, esse mesmo que bate em mulher. O público deu 1 milhão de reais pra esse cara. Fala a verdade: dá ou não dá medo pensar nisso?

3. Hipertensão (Rede Globo)
Cresci assistindo “Quem sabe, sabe” na TV Cultura (ah, bons tempos!). Aquilo sim era desafio. Ver X- Games ou esportes tradicionais, isso sim me empolga pela superação. Não vejo sentido num programa como Hipertensão em que candidatos a figurantes de Malhação são desafiados a escabrosidades como a mostrada no vídeo. Isso é superação de que? Para mim parece um concurso de ignorância e tai uma coisa que me assusta sempre. O que me deu mais medo foi saber (não tive coragem de ver) que em um dado episódio o desafio era comer embriões (vivos) de pintinhos. Não é grotesco? Não te assusta a maior emissora aberta transmitir um negócio desses? Não é muita crueldade e desrespeito à vida? Perturbador e revoltante.

2. Pequenas Misses (Discovery Home & Health)
Treinos exaustivos, horas em pé, críticas, punições, horas de maquiagem, escovas, secadores, perucas, tratamentos estéticos, próteses dentárias… aulas de canto, aulas de dança, de postura, de passarela… Rotina de gente grande? Não. De criancinhas, acreditem. É preciso estômago forte e sangue frio para assistir Pequenas Misses. É revoltante e apavorante pensar na vida que essas meninas levam e no que estão aprendendo enquanto têm suas infâncias roubadas. As figuras mais assustadoras dessas séries são as mães. Acredito que todas, sem exceção, sofram de transtornos psiquiátricos. E, embora eu não tenha preconceito, nada me dá tanto medo quanto um doido sem diagnóstico. Ao ver as crianças na passarela, sinto-me antevendo uma lista de vítimas de um pedófilo ou serial killer qualquer. Cereja do bolo da perversão: há desfile com traje de banho nesses concursos (qual seria o propósito?). Ver o olhar embevecido e histérico, com ares de gozo erótico, das mães na platéia e dos próprios jurados me congela de pavor e enoja. E se você pensa que isso é exclusividade de gringo, saiba que também rola no Brasil.

1. Horário Eleitoral (cadeia nacional)
Preciso explicar? O horário eleitoral foi uma escabrosidade neste ano (não que tenha sido melhor nos anos anteriores). O desfile de despreparados e “iscas para votos” foi uma vergonha e fruto de um sistema eleitoral e da própria candidatura falhos. Deste modo, em 2011, graças a mais de 1 milhão de malucos que acharam estar protestando ao votar no senhor “isca de votos” Tiririca, teremos não só o próprio no Congresso, mas também os “içados” por ele: Otoniel Lima (PRB-SP), Vanderlei Siraque (PT-SP) e Protógenes Queiroz (PCdoB) (todos com apenas cerca de 90.000 votos cada). Depois, dê um Google nesses nomes e você vai ver a brincadeira macabra que foi eleger Tiririca. E este não é um caso isolado… infelizmente. Em todo o país pipocaram novos deputados da mesma estirpe que me causam arrepios e mal estar só de pensar (vide os ex-jogadores Bebeto e Romário eleitos no Rio, por exemplo).


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MTV 20 anos – uma divisora de águas


Autor: Phoebe ~ 20 de outubro de 2010. Categorias: Mona POP, Sofá da Mona.

Agora em outubro a MTV Brasil completa 20 anos. Quem é novinho e já cresceu na era MTV provavelmente não entende, mas quem já está na faixa dos 30 e viveu aquele momento, sabe o quanto ele foi especial.

Estávamos em uma época em que não existia internet, MP3 e Youtube. Acompanhávamos as notícias sobre música através das revistas – especialmente a Bizz, que depois se tornou Showbizz -, e pelo Fantástico (momento “teu passado te condena”). Lembro até hoje da expectativa que se formou antes da apresentação do clipe “Black or White” do Michael Jackson, a Globo anunciando dias antes que passaria o famoso clipe durante o Fantástico… Dentre os artistas brasileiros, praticamente não havia a produção de videoclipes, a não ser aqueles produzidos pela própria TV Globo. E a música em si era artigo raro: lembro de passar horas diante do aparelho de som, devidamente sintonizado na rádio Transamérica, esperando que tocassem alguma música em especial que eu gostaria de gravar na fita cassete. E essas gravações eram péssimas, claro, porque sempre vinham com a voz do locutor ou com uma vinheta anunciando o nome da rádio bem no meio da música.

Nesse cenário, a notícia da vinda da MTV para o Brasil soou como uma promessa de liberdade. Teríamos música de boa qualidade 24hs, com acesso aos melhores videoclipes internacionais e notícias sobre o cenário musical do Brasil e do mundo.

Só não esperávamos que a MTV viesse com tanta qualidade. Era uma verdadeira coleção de excelentes profissionais encaixados em programas com formatos inovadores. Claro que, como todo grupo de jovens, tratamos logo de eleger os nossos VJ’s preferidos e os nossos “musos” e musas inspiradores (a queridinha dos meninos era, de longe, a Cuca Lazarotto, e as meninas suspiravam por Gastão e Zeca Camargo – até então, Edgar Piccoli ainda não fazia parte do canal).

No embalo das comemorações, a MTV apresentará o Top 20 Brasil com Cuca Lazarotto, Sabrina Parlatore e Sarah Oliveira. Ótima chance para matar a saudade das meninas!

TOP 20 Especial, com Vanessa Hadi, Cuca, Sabrina e Sarah

Dia: 20/10 – quarta-feira, às 16h30, com 2hs de duração, no canal da MTV

Para ficar perfeito, faltava apenas um especial com Gastão, Edgar e Thunderbird!

Saiba mais sobre a programação de aniversário! http://mtv.uol.com.br/20anos/

Beijos da Phoebe!


A primeira geração de VJ´s da MTV Brasil – a foto é do excelente post de Zeca Camargo na G1 falando do começo da MTV. Clique aqui para ler.


Desenhos pra marmanjos


Autor: Mafalda ~ 19 de outubro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.

Escrever a última coluna (A TV da minha infância), relembrando programas televisivos marcantes de meus verdes anos, acabou puxando um fio de um grande novelo de memórias, especialmente sobre os desenhos animados. Embora seja importante e gostoso lembrar o passado, acredito que podemos acompanhar as mudanças e compreender o que rola hoje em dia. Pelo menos experimentar e depois decidir se gosta ou não. Se você é mãe ou pai, é quase que forçado a este exercício. Mas mesmo se não for, nada te impede de manter sua criança e seu adolescente interior atualizados.
Com esse espírito, confesso que já me esforcei para tentar gostar de alguns desenhos orientais, mas realmente não rolou. Não tenho uma crítica técnica. Não é este o problema. Afinal quem curtia animações do naipe de Pepe Legal, não é muito exigente com detalhes técnicos. Roteiro? Posso responder do mesmo modo… Então, o que? Não sei. Talvez as tramas não sejam interessantes para mim? Não sei mesmo. Assim como você não sabe explicar porque se apaixona por uma pessoa e não pela outra. Mistérios do coração…
Aceitando tal mistério, portanto, trago hoje meu TOP 5 de desenhos/animações atuais. A maioria não é, de fato, voltada para o público infantil e sim para jovens e adultos. Se você não conhece algum, eu recomendo que experimente. Abra sua cabeça, esqueça um pouco suas referências do passado por um instante e assista. Talvez passe a curtir coisas novas como eu…

5. Fudêncio e seus amigos

Inspirado em um boneco de borracha, todo detonado e meio punk, batizado de Fudêncio e zoado por João Gordo em seus áureos tempos de MTV (programa Garganta e Torcicolo – 1997 e 1998), o desenho animado “Fudêncio e seus amigos” estreou na MTV em 2005. De lá pra cá, já se tivemos 6 temporadas com 145 episódios. Criação de Thiago Martins, Pavão e Flávia Boggio o desenho é a segunda empreitada recente de sucesso da MTV brasileira, que anteriormente produziu a Mega Liga de VJs Paladinos. A fórmula de Fudêncio e seus amigos é antiga: um turma de crianças que vai à escola e vive aventuras. Mas, com classificação etária de 16 anos, saiba que em Fudêncio o chumbo é grosso: o politicamente incorreto, a crítica ácida, um caminhão de referências à cultura pop e a estética crua dão o tom. A turma tem química e o perfil de cada personagem é bem definido, com direito a bordões antológicos (como o de Conrado, o personagem azarado que diz “Eu só me f*d* nesta merda!”).
Onde passa: MTV

4. American Dad

A exemplo dos Simpsons e de Family Guy, as histórias em American Dad giram em torno de um núcleo familiar (no caso a família Smith). Stan, o pai, é agente da CIA há cerca de 20 anos. Paranóico, estressado, fixado em terrorismo e patriota radical é um retrato e uma crítica das atividades do governo norte-americano, em especial ao governo Bush. Um adolescente nerd e uma garota liberal (para desgosto do pai), um extraterrestre refugiado e um peixe falante, fruto de um mal sucedido experimento da CIA, convivem sob o mesmo teto e aos cuidados da amorosa mãe Francine. O personagem Roger, o ET é responsável pelas cenas mais bizarras da série. Produção de 2005 está na 5ª temporada. Um de seus criadores é o autor de Family Guy, Seth Macfarlane. Classificação etária de 14 anos.
Onde passa: atualmente no FX. Já passou na Globo e na FOX. Tem versão legendada e dublada (com boa qualidade, aliás).

3. Cleveland Show

Cleveland Brown era o vizinho negro de Peter Griffin. Educado e gentil, é traído pela mulher (Loretta) de quem se separa. Com Cleveland Jr. decide então mudar-se para outra cidade, começar vida nova. No caminho reencontra um amor do passado e pronto: forma-se mais um núcleo familiar. Cleveland agregava todas piadas sobre racismo em Family Guy e em seu próprio show esta característica continua. Estereótipos, estigmas, preconceitos, feridas históricas, o branco ignorante (o chamado “white trash”) absolutamente tudo é piada. Nada deve ser levado a sério. Nem mesmo Obama escapa. Minha simpatia pelo desenho vem da longa convivência com seu protagonista ainda em Family Guy. Desprovido de muitos atributos, é surpreendente vê-lo como foco central de uma trama. Talvez seja justamente essa a sacada. Honestamente, não sei se uma pessoa que nunca assistiu Family Guy, teria o mesmo carinho com a produção, mas de repente vale a experiência. Em tempo, vale o aviso: a escatologia é marca registrada da série.

2. Pingüins de Madagascar

Não sou apreciadora de programas dublados (porque expressões idiomáticas se perdem), mas tenho que ressaltar que a versão dublada do desenho Os Pingüins de Madagascar é muito melhor que a versão original. Talvez seja metade da graça do desenho, sem exagero. Destaque especial para o lêmure Rei Julien (inicialmente dublado pelo Guilherme Briggs e depois por um ator/dublador cujo nome não descobri, mas que imita a dublagem de Briggs). Tropa de elite? Que nada! Para mim nada supera as ações táticas e estratégias “militares” de Capitão, Recruta, Rico e Kowalski – os pingüins residentes do zoológico de New York. Rei Julien e seu leal conselheiro Maurice e o mini-lêmure Mork (insuportavelmente fofo) completam o time de protagonistas do desenho. A série se passa após os eventos de Madagascar 2 , embora não seja necessário ter assistido aos filmes para seguir e gostar do desenho. Raramente eles saem dos limites do zoológico, mas os roteiros são tão bons, que não há mesmice. Prova de que uma animação não se sustenta só pelo trabalho de arte. Sem história boa, nada feito. Onde passa: Globo e Nickelodeon.

1. Family Guy (Uma família da pesada)

As críticas negativas da série dizem que uma criança de dez anos faria piadas melhores ou que Family Guy seria uma cópia dos Simpsons (que eu, aliás, adoro e que também poderia estar nessa lista). Uma ou outra voz acusa a série de mau gosto, especialmente pelo uso da escatologia. Não importa, eu vejo Family Guy como sua legião de fãs: uma excelente e corrosiva crítica ao típico americano médio e aos valores capengas da sociedade ocidental. O que os Simpsons insinuam, Family Guy escancara, disseca e desossa na sua frente, sem anestesia, sem aviso. Nenhum assunto parece ser tabu: pedofilia, religião, deficiência física ou mental, política, esportes, drogas, incesto… Basta pensar em algo polêmico, que isso pode aparecer na série em algum momento. A estrutura do núcleo familiar é a mesma, somando-se aqui um bebê (de sexualidade ambígua – ao menos por enquanto) e um cão. O que o bebê fala (com sotaque britânico bem afetado na versão original) não é entendido pelos adultos, salvo raras exceções. Ele tem uma relação de amor e ódio com a mãe, que por sua vez é a paixão de Brian (o cão), que também fala (e… fuma, bebe e… faz análise!). Essa dupla é responsável por tiradas ácidas e desconcertantes, que me fazem rir só de lembrá-las. Paródias musicais, cinematográficas e televisivas são freqüentes na série, assim como a participações de famosos que, inclusive, muitas vezes fazem questão de emprestarem a própria voz à sua versão caricata. Uma lição que aprendi vendo seriados se aplica aqui: quando uma série é sucesso ou vira cult, as celebridades se disponibilizam para participações especiais. Em Family Guy a lista conta com Lindsay Lohan, Jennifer Love Hewitt, James Woods entre outros.
Onde passa: FX


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