Contra a Cafonice – por Felipe Moura ( Blog do Pim )
Por Mafalda - 9 de novembro de 2012. Categorias: Mona POP.
Benditas sejam as moças de vestido sem brilhos, ombreiras e tantos babados; sem cintos de couro, barbante, metal, muito menos fivela; e jamais embaladas a vácuo, pois que a sensualidade está no detalhe do tecido que roça o corpo em movimento, nunca no grude integral ao corpo estático.
Benditas sejam as moças de calça jeans e blusinha branca ou preta, sempre básicas por ruas e bares – como aliás pedem as ruas e os bares, seja nas calçadas da Pavuna ou do Leblon -, e quiçá de alcinha, como quem dá de ombros aos excessos da moda e leva o sorriso à frente da roupa.
Benditas sejam as moças que não saem para tomar um chopinho como quem vai para um casamento, e nem vão para um casamento como quem vai para um Halloween.
Benditas sejam as moças capazes de colocar um shortinho e um par de sandálias, e descer em 5 minutos se o homem diz que está passando na portaria, conscientes de que nada é mais elegante que uma mulher despojada e segura de si.
Benditas sejam as moças atléticas, que, ao se vestirem, buscam mais suavizar seus atributos – para fugir à vulgaridade das periguetes turbinadas – do que ocultar seus defeitos – pendurando a saia nos seios, por exemplo, para encobrir a bunda faltante – e ainda dispensam a mão na cintura para tapar o pneuzinho no álbum de fotos.
Benditas sejam as moças aptas a andar e sambar de salto, porque é o samba que dá a medida – mesmo que a ocasião não obrigue ao samba – da altura que uma mulher pode ter.
Benditas sejam as moças que se sabem bonitas, pois nada é mais feio que uma moça bonita que tenta, à força de maquiagens e demais pilantragens, ser aquilo que, sem elas, já é.
Benditas sejam as moças de bolsas funcionais e discretas, daquelas que jamais atrapalham o abraço, nem substituem a lanterna em caso de apagão.
Benditas sejam as moças leves e práticas, que não se deixam transformar em bonecas russas ou árvores de Natal, daquelas que, de tantas camadas (de peças e cosméticos) e enfeites (como colares, pulseiras, braceletes, brincos, pingentes e anéis), um homem precisaria de dois ou três Dias de Reis para desmontar.
Benditas sejam as moças curiosas, inquietas e interessadas, que enxergam além das próprias mães e miguxas, sabendo que o senso estético vem do berço e do ambiente, mas, como tudo o mais, pode ser desenvolvido com a ampliação do imaginário e a elevação do espírito, através de um conhecimento que não é servido no Open Bar.
Benditas sejam as duas ou três moças que sobraram por aí, imunes ao império da cafonice não (só) pela sorte de terem tido bons exemplos ao seu redor, mas (também) porque, diante do acesso ilimitado aos bens de consumo, conservam o desejo quase extinto de ser muito mais do que os prazeres e lazeres que podem gozar ou consumir.
Benditas sejam as moças que são.
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Felipe Moura Brasil é autor do Blog do Pim e nunca viu tantas “árvores de Natal” no Rio de Janeiro.
[Crônica publicada originalmente no facebook - aqui.]
9 de novembro de 2012 às 20:21
Estranhei quando soube que o autor do texto era carioca, porque até o dia em que me mudei do RJ, as cariocas (dentre as quais me incluo) eram as mulheres mais despojadas da face da Terra! Quando compartilhei esse texto no meu perfil do FB, as amigas que continuam morando lá disseram que não é bem assim e que as cariocas continuam sendo bem básicas, apesar de haver, claro, milhares de cariocas mais arrumadas – ou “enfeitadas”!
Mexer com a vaidade feminina é sempre um vespeiro! Eu sempre fui criticada por não gostar de maquiagem e de coisas como “fazer as unhas” (que já nascem feitas… ou não?!), mas nunca consegui explicar que não era falta de vaidade, e sim por achar desnecessário. Não acho que um rosto com 5 camadas de photoshop (base- pó – blush – primer – o diabo a quatro) seja mais interessante ou bonito do que o frescor de um rosto sem camada alguma. Sem contar que muitas são tão sem-jeito para a coisa que, se passam blush, dão a impressão de que levaram uma “sambada de salto” na cara, e se colocam saltão alto, ficam andando feito patinhas chocas. Acham que estão belas e interessantes, quando na verdade estariam muito melhores sem o tal do blush e com uma sandália baixa.
O tema é polêmico porque tudo que envolve mulher é polêmico! rss! Eu sempre fiquei danada da vida quando confundiam a minha simplicidade com falta de vaidade, e sei que as minhas amigas que gostam de fazer as coisas descritas nesse texto ficaram danadas da vida com ele!
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Mafalda Resposta:
novembro 9th, 2012 ás 20:27
Phoebe, vc é desapegada das coisas desta terra. É influência do seu padrinho Francisco.
Vc é do meu time. Embora eu tenha ficado mais vaidosa agora velha… isso acontece, ainda mais nesse Brasil que não tolera o envelhecimento – principalmente feminino.
Bjs
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9 de novembro de 2012 às 20:46
Eu, Eubalena, 38 anos, penso que tudo tem de ser dosado. Vaidade todo mundo tem e não é ruim te-la. Cabelo bem cuidado, unhas limpas, cortadas, lixadas ao gosto do cliente, roupa cuidada -independente de ser básica ou não – e uma boa aparência, que não tem nada a ver com beleza física.
Tenho preguiça moooooortal de me arrumar. Por mim meu mundo seria um jeans, regata e havaianas no pé…mas, as vezes, eu gosto de me produzir um pouco, gosto de uma maquiagem mais arrumadinha, uma roupinha mais perua (mentira, nem tenho isso no guarda roupas – nada que se compare ao pijama da Phoebe, por exemplo), um salto. É bom. mas só as vezes, muito raramente e quando a ocasião pede, claro. Porque andar bicho grilando em todo canto tbm é exagero.
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Phoebe Resposta:
novembro 9th, 2012 ás 21:02
@Euba, “nada que se compare ao pijama da Phoebe, por exemplo” – kkkkkkkkk! Cês vão morrer velhinhas, com 104 anos, e me fazendo lembrar disso!
Então, eu acho que é questão de estilo mesmo – e acho que quem é perua tem mais é que se “emperuar” sem medo. Eu sou mais básica, sigo um estilo mais clássico pra me vestir – não gosto de shortinho jeans com camiseta, prefiro um visual mais feminino, composto por vestidos leves, mas quando me dá vontade boto short ou calça jeans também. Até porque a pessoa que fica totalmente de um lado ou totalmente de outro só pode ser chata. “Só uso isso”, “só ouço isso”, “só como isso” não existe… meu pai sempre diz: “se noto que estou levantando da cama todo dia por um lado, faço questão de começar a levantar do outro só pra não ser chato”! rss!
Eu não gosto de maquiagem hoje porque acho que meu rosto ainda vai bem sem maquiagem. Agora, na hora em que eu estiver com pés de galinha, rugas, manchas, coisas que eu queira esconder, claro que vou usar maquiagem, se achar que vou me sentir melhor assim. Assim como vou ficar loiraça também, com certeza! kkkkk! Quando era adolescente não entendia por que toda mulher na faixa dos 50 já começa a pintar os cabelos de loiro claro. Depois soube que era porque escondia melhor os cabelos brancos, acompanhei o processo de “anamariabragatização” da minha mãe e, com certeza, se não inventarem nada melhor daqui até lá, em 20 anos estarei usando aquele tom também!
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Euba Resposta:
novembro 24th, 2012 ás 19:03
@Phoebe, mas Vivivien, existe a maquiagem corretiva, algumas com uso de massa corrida e pó xadrez e a maquiagem que dá um “toque”, como um batom, um iluminador.Não precisa estar acabada para usar maquiagem…Apesar de ser quase sócia da loja de maquiagem daqui de Little Grass, eu só uso 3 produtos.
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9 de novembro de 2012 às 21:47
Detesto maquiagem, acho que é uma mascara, fingir ser quem não é, roupas extravagantes também, se quer usar não reclamarei, desde que não me atrase nem me custe, mas ficarei feliz quando remover. Roupas? Aquele vestido mais simples e leve, que tem caimento no corpo é oque mais me encanta.
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24 de novembro de 2012 às 18:23
Dou um respiro de felicidade ao ler um texto desses, escrito por um homem.
Sou de São Paulo e quando saio pra baladas a noite, me horrorizo com a quantidade de mal gosto que vejo. Geralmente, quanto mais cara a balada, mais curta e feia a roupa é. Além de denunciar tudo que a moça possui, como diz um amigo meu, faz perder toda a graça de um belo vestido soltinho que esconde alguns segredos do que está por baixo.
Só acredito também que cada uma tem que se sentir confortável e feliz com o que veste. SOu contra a produção que fazem para se sentirem inclusas ou “na moda”, ao invés de perceber o que realmente fica bonito em cada uma…..
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