Não viaja, Bon Jovi!
Por Phoebe - 22 de março de 2011. Categorias: Mona POP.
Bon Jovi deu uma declaração recentemente dizendo que Steve Jobs (Apple) “matou a indústria musical”. Segundo Bon Jovi, “Os jovens de hoje perderam toda a experiência de colocar os fones de ouvido, aumentar o volume, pegar a capa do disco, fechar os olhos e se perder em um álbum”, critica. “[Eles perderam também] a beleza de pegar sua mesada e escolher um disco apenas pela capa sem saber como ele é.” ”Pode anotar o que eu digo, a próxima geração vai parar para se perguntar o que foi que aconteceu.”
Sem entrar na questão da indústria musical, posso contar que peguei o finalzinho dessa fase, que Bon Jovi chama de “época mágica”. De fato, era mesmo legal pegar a mesada e entrar em uma loja de discos, as capas eram muitas vezes primorosas e faziam parte do conjunto da obra – antes mesmo de comentarmos sobre a nova música da banda tal, comentávamos primeiro sobre a capa. E sim, Bon Jovi estava certo, era o máximo chegar em casa e passar uma tarde inteira, horas a fio, ouvindo sem parar o novo LP da nossa banda preferida.
Mas eram tempos diferentes e não haveria exagero se eu dissesse que a sensação é de que 200 anos separam a época dos LPs da nossa fase atual.
Sim, era legal passar a tarde inteira ouvindo um LP. Mas será que algum jovem, em sã consciência, passaria atualmente uma tarde inteira deitado no chão, apenas olhando para o teto e ouvindo as músicas do seu iPod? Na época não havia internet e, portanto, não havia messenger, Facebook, Twitter…
Dizer que era o máximo pegar a mesada e sair da loja com um único LP… tenho minhas dúvidas. Os discos eram caros – assim como os CDs, logo que saíram -, e quem não tinha dinheiro tinha que fazer reza braba e esperar horas intermináveis para que suas músicas preferidas enfim tocassem na rádio. Em determinadas épocas eu lembro de revezar com o meu irmão na espera, tipo “fica aí enquanto eu vou ao banheiro, se tocar Patience você tira do pause” (o aparelho de som já ficava com o rec engatado, bastava colocar no pause e esperar). Sinto-me uma senhora de 89 anos contando isso! Bom, como eu dizia, prefiro mil vezes o sistema atual de baixar as músicas pelo iTunes – nem preciso comprar o álbum inteiro, escolho apenas as que eu mais gosto, clico em “comprar” e já sincronizo no iPod. E isso para ficarmos apenas no sistema legal de download de músicas, já que ninguém quer ser processado aqui por apologia à pirataria!
Comprar um álbum inteiro, na maioria das vezes, era desperdício de tempo e de dinheiro. Lembro de ter pelo menos quatro LPs que eu colocava no som para ouvir apenas uma única música – os artistas eram Crash Test Dummies, Counting Crows e mais dois que não lembro agora. E eu juro que tentei, cheguei a ouvir as outras músicas pelo menos três vezes (para ver se meu cérebro as aceitava por osmose, por certo), mas não teve jeito!
Outra limitação dos LP’s era a mobilidade. Era simplesmente impossível ouvir o seu disco favorito passeando pela rua, andando de ônibus ou fazendo compras no mercado. O máximo de mobilidade que um LP apresentava era quando o levávamos até a casa de um amigo para uma sessão “ouvindo-música-olhando-para-o-teto”. Quando eu era criança havia os walkmans, mas a limitação era praticamente a mesma – tá, dava para gravar o LP em K7 (ou comprar um álbum já em K7) e teoricamente ouvi-lo em “todos os cantos”, mas aquele aparelho consumia pilhas de forma compulsiva, de modo que com quatro pilhas caríssimas dava para ouvir no máximo dois lados de cada fita. Depois disso, a música ficava leeeenta e o cantooooor começaaaava a falaaaar com voz groooossa e leeeenta até a pilha morrer de vez. Ou seja, em viagens longas, das duas, uma: ou tínhamos diversão somente nas duas primeiras horas da viagem, ou gastávamos uma nota em pilhas – lembrando que não existiam recarregáveis na época. Acho que nem pilhas especiais havia então… que eu me lembre, geralmente tínhamos que nos virar com “as amarelinhas” mesmo (sentiram o drama?)!
Poderia passar ainda longos parágrafos citando dezenas de comparações entre o que se fazia na “época mágica” do Bon Jovi e agora, mas acho que já temos material suficiente para concluir este post com essa frase: Bon Jovi, não viaja! A época mágica é aqui e agora.
Phoebe
22 de março de 2011 às 11:17
Me diverti horrores lembrando dessa “época mágica” que o Bon Jovi disse, realmente parece que sou um velho de 100 anos por ter vivido na época do K7 walkman e vinil, ele esta chorando porque se olhar para todos os discos da banda dele só dá pra salvar 2 ou 3 músicas por disco e a gente tinha que ficar com aquele trambolho tentando acertar com a agulha a nossa música preferida, quando não tínhamos o azar de riscar o vinil “coisa que ficou ainda mais comum com o cd”.
O bon Jovi diz que era uma época mágica pq não passou pelo perreio de andar de ônibus com um CD player pulando a cada vez que o ônibus balançava, ou ir na casa do vizinho com um monte de fita K7 para gravar algumas músicas dos discos novos que ele comprou, e passar horas conseguindo sincronizar para ficar “perfeita” a gravação e a mãe gritando da cozinha para abaixar o som, coisa que não podíamos fazer pq se não a gravação ficava baixa.
Fala sério isso só é engraçado de contar agora que já passamos, viver com certeza não foi.
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Phoebe Resposta:
março 22nd, 2011 ás 13:34
@macho em crise,
É verdade, ainda tinha essa coisa de ficar com a agulha da vitrola, mirando bem na linha de início da faixa que a gente queria ouvir! rsrs! Acho que esses meninos da geração atual, que já nasceram na fase do MP3, dariam altas risadas se nos vissem fazendo esse malabarismo todo!
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22 de março de 2011 às 13:50
Phoebe,
eu peguei o finalzinho da fase do LP, confesso que nunca tive um e nem fiquei deitado olhando pro teto ouvindo, mas passei por toda a fase do walkman e ri muito me lembrando da pilha acabando e a voooooz doooo cantooooor ficaaaaaaando leeeeeeeentaaaaaa… Era mesmo um desespero, e pilhas sempre eram uma facada no orçamento.
Por mais que me lembre com carinho disso tudo eu não me vejo abrindo mão dos meus MP3s e de poder baixar apenas o que quero ouvir e levar comigo pra qualquer lado.
Concordo com o seu ponto de vista, essa época era mágica mas já se foi, hoje ela vive nas memórias gostosas como a que você despertou nesse texto.
Beijos.
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22 de março de 2011 às 13:51
Ué, perdi minha foto de avatar?
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22 de março de 2011 às 14:06
E realmente não viaja mesmo, graças a Deus a tecnologia hoje nos permite escutar música em qualquer lugar, como falei no twitter adoro vinil, guardo os meus até hoje, mas tocar com o notebook nossa eu acho a oitava maravilha, não precisa mais levar aquele monte de engradado de cerveja cheio de vinis, ou carregar até mesmo os cd’s, sem dúvida hoje em dia é beeem mais fácil curtir música.
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22 de março de 2011 às 14:39
Ri muito agora, me lembrando de quando eu minha irmã revezavamos o posto de quem soltaria o pause quando nosa música favorita tocasse na rádio. Aliás ainda tenho essas fitas guardadas em alguma caixa em algum lugar da casa. O mais legal era que as músicas sempre acabavam com o locutor da rádio anunciado: vocês ouviram a mú…(pause de novo). É legal lembrar isso, mas eu prefiro ouvir meus MP3 sem nenhum locutor atrapalhando o final da música.
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Ruz Resposta:
março 22nd, 2011 ás 23:00
@Lídia S. Graeff, Graeff?? Parente sua, Davi?? Legal! catequizando a galera pra vir no Monalisa!!
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22 de março de 2011 às 14:42
Acho que Bom Jovi ta ficando gagá, já que seus albuns possuiam as músicas chiclete / paixão adolecente para vender disco e empurrar outras 12 músicas que ninguém escuta (e que foi citado com maestria pela Phebe).
Hoje o músico tem que suar para fazer música boa. Ele sabe que cada música boa vai valer dinheiro, e não três hits para colocar numa bolacha de plástico. Os músicos das “Grandes Gravadoras”, que ganharam muito dinheiro com as músicas empurradas goela abaixo ainda não se acharam no novo mercado.
A tecnologia veio para nos dar comodidade, de ouvir as músicas em qualquer lugar. Passei por toda essa fase e adorei, mas depender de um pedaço de plástico para guardar minhas músicas já era.
Bom, nem ligo pro Bom Jovi. Detesto suas músicas, mas o ótimo post valeu para deixar o comentário.
Abraços
Reinaldo
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22 de março de 2011 às 21:40
Na minha infância peguei a era vinil. Eu aprendi como gravar K7 nos antigos mini system, assim podia montar minhas fitas personalizadas só com as músicas que gostava. Nesse ponto gosto muito das tecnologias atuais, que facilitaram esse processo. Por melhor que seja um artista dificilmente ele consegue fazer um disco só com músicas boas, com exceção das coletâneas.
Alguns artistas de antigamente não conseguem se adaptar as novas tecnologias (me lembrei do Elton John, outro que detesta os novos tempos). Porém o mundo não vai parar só porque eles não se adequam.
Abraços!
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22 de março de 2011 às 22:47
Gosto do MP3 e do iPod pela praticidade deles, mas prefiro os CDs.
O prazer de comprar, receber (esperando ansiosamente a entrega do correio – para quem compra pela internet como eu), ouvir e guardar um CD, além de apreciar seu encarte, principalmente quando tem as letras, é incomparável.
Espero que os CDs ou qualquer nova tecnologia, em meio físico e não virtual, que os substituam, nunca se acabem.
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22 de março de 2011 às 23:04
Eu tinha um montão de discos de vinil.. mas era do Balão Mágico, etc.. musicas de criança.. depois comecei a ouvir alguns rocks q meu pai tem.. guns, Bee Gees, um monte lá.. minha mae tinha só roberto carlos, xitãozinho..
Passei sufocos tentando gravar as músicas nas fitas virgens e nunca tive um walkman, sempre direto em casa.. Minha mãe tinha um fone de ouvido bem loco, que tinha uma anteninha e já sintonizava rádio nele mesmo.. Muito loco!!
Ótimo post, Phoebe!
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