O casal compra um teste de farmácia, descobre o positivo e já começa a pensar nos nomes. Claro, porque, depois do típico “quantos meses de gravidez?”, a pergunta que o casal mais ouvirá nos próximos meses será: “E já tem nome?”.
É então que começa a peregrinação. O casal logo responde: “Se for menina, vai ser Isabela, Marina, Amanda, Yasmin, Catarina, Sofia ou Maria Luísa”. “Lindos os nomes!”, responde o interlocutor. “E se for menino?”. Ficam os pais com cara de bidê – “Não decidimos ainda” (a não ser que o casal queira homenagear alguém da família e já tenha decidido que o menino terá o nome do pai/avô/bisavô/tataravô).
Ô coisinha difícil é arrumar um nome legal para menino. Eu e meu marido levamos 19 semanas rodando feito perus tontos até encontrar finalmente o nome do nosso filho. E só decidimos na 19a semana porque descobrimos que a nossa filha de 3 anos, talvez já impaciente com a nossa demora, espalhou na escolinha que o nome do seu irmão seria Pafúncio. Antes que o pobre virasse Pafúncio por osmose, corremos para acelerar o processo de escolha do nome. E daí surgiu a idéia desse pequeno manual!
1) Vasculhe toda a árvore genealógica das famílias materna e paterna e vá riscando os nomes de tios e primos até 3o grau – a não ser que você queira causar uma confusão daquelas. “E seu neto Renato, Florzinha?”, e a avó responde: “Que Renato? O filho da minha Virgínia ou o filho do meu José?”. Bom, já nessa primeira fase você vai descobrir que todos os nomes mais bonitinhos terão que ser riscados da sua lista: Rafael, Gabriel, Artur, Tiago, Lucas, Leonardo, Guilherme, Gustavo etc.
2) Riscados os nomes já usados na família, há que se eliminar os nomes de cachorros. Sim, nomes de cachorros, cães, aqueles de quatro patas… Tipo Ralf. Ralf é um típico nome de cachorro, não é verdade? Apolo, Argos, Beethoven, Felix (se bem que Felix está mais para nome de gato), Frank, James, Jim etc. Pensei em incluir Max nessa lista também, mas como temos um leitor/ouvinte chamado Max, melhor não arriscar! Brincadeira, Max!
3) Elimine também os nomes comumente utilizados para designar um determinado ato escatológico. “Ih, cara, já vai chamar o Hugo depois da segunda cerveja? Tás mal, hein?”. Caso contrário, seu filho corre o risco de passar por situações bem constrangedoras. “O Fulano foi ali chamar o Raul”. “Ué! O Raul veio??? Deixa a namorada dele descobrir isso”!
4) Risque também os nomes que podem gerar apelidos que seu filho certamente irá detestar. Lembro de ter estudado por 5 anos com um menino chamado Rodrigo Manoel. Qual era o apelido dele? Mané, claro! Lembre-se sempre da primeira verdade universal: criança não presta! Para colocar apelido no amigo, basta só um pezinho. Ciro vira Circo; Francesco vira Fresco; Lindolfo é Lindo e Fofo, e por aí vai.
5) Elimine os nomes afeminados. Seu filho te agradecerá pelo resto da vida ao descobrir que poderia ter sido chamado de René (aliás, René rende ainda outro apelidinho infame. No primário, estudei com um “René Rená em Caixinha”). Por mais que certos nomes franceses soem chiques, acredite, é melhor ir de José do que arriscar no François (o famoso “Françuá”)!
6) Essa é só para as mulheres: nunca, jamais, never queira colocar no seu filho o nome de algum ex-namorado, encosto ou amante. Ou você corre o risco de passar pela mesma situação de uma garota infame que conheci por aqui: chifrou o namorado com um carinha, meses depois engravidou do namorado e colocou no filho o nome do tal carinha. Resultado: quem sabe do rolo só chama o pobre do menino de “Junior”!
7) Você vai acabar descobrindo que se encontram automaticamente eliminados da sua lista os nomes de pessoas desagradáveis que já passaram pela sua vida desde a época do jardim de infância. João Paulo era aquele gordinho ruivo que vivia implicando com o resto da turma; Roberto era aquele altão insuportável metido a valentão; Jordan era aquele menino que vivia com *coriza* no nariz (pra não dizer catarro) e só respirava pela boca… Como você não quer lembrar dessas peças cada vez que olhar para o seu filho, claro que, até inconscientemente, vai evitar esses nomes!
8) Por fim, por mais árdua que se mostre essa dura tarefa de escolher o nome do seu filho, ceda bravamente à tentação de comprar um dicionário de nomes. Vai por mim: não vale a pena! Comprei um de determinada editora cujo nome não vou mencionar para não causar constrangimento (Ed. ESCALA) e foi uma tragédia! Parece que abriram o Aurélio e deslocaram para aquelas páginas as palavras mais estapafúrdias que encontraram pela frente. Tipo “Macaxera (sem i mesmo) – significado: diabo, demônio”; “Ligeiro – rápido” (ooooh, sério?). Entre as belezinhas indicadas, há nomes como Asdrúbal, Epaminondas e… Pafúncio, obviamente!
E aí? Sobrou algum nome ainda?
Beijos da Phoebe!
Fonte da imagem: http://dicionariodeetica.wordpress.com