Porque fazer humor e podcast é uma arte

































Dia D


Autor: Mafalda ~ 11 de setembro de 2010. Categorias: Ponto Gê.

Sabe aquele dia que você acorda com a nítida sensação que é melhor não sair da cama?!

Pois é, infelizmente essa nítida sensação não entre no critério médico para a emissão de um atestado. E você, batendo de frente com seus sentimentos, levanta, toma seu café e vai trabalhar.

E descobre logo cedo que seu namorado andou contanto uma ‘mentirinha preventiva’. Plagiando e ironizando meu amigo CADU, que criou o termo para justificar a mentira masculina que tem como intuito evitar brigas. Como pra mim é tudo a mesma porcaria, o circo ta armado ali mesmo.

Bom, depois de bicos formados vai cada um pro seu lado. Passa um tempo as coisas se acalmam e tudo fica bem. Nem tudo…

Chego na empresa, sou recebida com um BOM DIA (que não tinha nada de bom). Se a pessoa não ta achando que o dia está bom, porque dá BOM DIA com cara de enterro e tom grosseiro. Já vi que as coisas iam piorar. Fui visitar um cliente, o salto começou a apertar no caminho. Droga sabia que não era para colocar esse sapato. Chegando no local, o cliente quis me mostrar a empresa. Caminhamos uns dois quilômetros.

Bolhas no pé, de volta ao inferno. Minha mãe me liga… (quando a gente não tem tempo nem pra respirar, até fazer compras fica difícil). Bom, incumbi minha mãe de olhar uns vestidos para mim, já que tenho um casamento durante o dia e estou no zero a zero com o guarda-roupa. Ela me liga –Achei uns vestidos lindos aqui numa loja, tens como vir ver hoje?!

Eu: – Hoje não dá, amanhã no final da tarde.

Pensando, melhor ir hoje, amanhã vai ser pior. Ligo novamente avisando que vou hoje. (Nessa hora a pessoa dá uma esquecida que hoje é o dia D “diabo”).

Aviso o namorado, vou em casa hoje ver uns vestidos com a mãe. Eu te levo, ele responde. (Para informação meus pais moram em uma cidade próxima).

Chego atrasada, o namorado atrasou, a loja fecha as 19 horas e faltam 10 minutos. Tudo bem, tento relaxar puta da cara. Pego a mãe em casa e vou pra loja.

Olho 1, 2, 3, 4 vestidos e nada. Cadê os lindos vestidos que tu viu ontem mãe?! – Não sei, estavam todos ai. Não estão mais, ela responde assustada. A vendedora começa a ficar irritada, já me mostrou mais de 10 peças e nada. Continuo achando tudo um horror… explico pela quinta vez para a moça. “É um casamento durante o dia, não posso ir feito uma piriguete de vestido colado e bunda de fora”. Mais três vestidos de dançarina de funk. Esse é legal, soltinho… uma estampa clara de oncinha… me gusta!!! Opa pêra ai!! Que rasgo é esse??

- É que as gordinhas vem aqui e querem provar um vestido P. (respondeu bem rápido a vendedora que estava no caixa).

Bom, eu não tenho culpa. Não vou levar um vestido rasgado pra casa. Vamos ver outros… Hummmm achei um longo floral bonito… solto e claro. Opa, e esse rasgo aqui na costura lateral?? Só pode estar brincando, os dois únicos que gostei.

A vendedora sem paciência completa. – Olha acontece de vestido rasgar tá!

Eu: Mãe, vamos embora que a moça já está brava!

Ela faz cara de “não imagina”, vaca!!!

Vamos passar em mais uma loja, não custa. Hoje não é o meu dia!

Hum, o clima na loja parece outro. Espaço, adoro espaço! Bom atendimento, caras felizes. Olho para os vestidos pendurados: lá estão eles. Avisto uma renda linda, achei o vestido perfeito! Que dia de azar o quê?! Eu que me estresso a toa. Tudo perfeito exceto por um detalhe. Preciso ajustar a alça.

Vou da loja direto na costureira. Chego lá tem mais pessoas para serem atendidas. Choramingo a pressa e consigo me antecipar.

- Quanto tempo que não vens aqui. Diz a costureira.

- Pois é guria, desde que coloquei meus implantes de silicone! (Sim! eu coloquei de verdade).

- Nossa ficaram lindos. Ela completa.

Uma mulher, que estava junto na sala e que foi muito simpática me deixando passar em sua frente, sorri ,me olha e diz com alegria:

- Agora só falta colocar silicone na bunda!

(Será que eu ouvi isso mesmo?! Cadê toda aquela simpatia do começo).

Todas riem, a costureira me defende. – Há, bunda ela não precisa, né!!

Fico calada. O dia tava uma merda mesmo. Talvez eu merecesse!

Mas penso, que vaca desgraçada!!

Ela não pára por aí!

- Tá vendo filha, você reclamava de ser magra demais, tem gente muito pior!

Filha da $%¨$&¨$. Olho para minha mãe querendo matar alguém. Ela ri baixinho, também não acreditando.

Termino de provar o vestido e começo a me arrumar para ir embora. Calada e ofendida. Mas ainda no lucro, se eu perguntasse o que mais me faltava sabia que ia morrer ali mesmo.

A mulher veste uma calça jeans (acho que ela ia ajustar).

- Eu adora essa calça, olha como valoriza a minha bunda. Ela diz diante do espelho olhando diretamente para mim.

Eu fico calada, com cara de “morra sua vaca”.

Minha mãe muito simpática diz alto: – É verdade!

Ela faz uma última das suas piadinhas infames!

- Temos que valorizar o que é bonito. Sou assim Raimunda, feia de cara e boa de bunda.

Me viro antes de sair, e digo em alto e bom som.

- É VERDADE!

Dia recuperado!

Beijos a todos






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