Porque fazer humor e podcast é uma arte

































Ai, que lindinho!


Autor: Eubalena ~ 15 de setembro de 2009. Categorias: Cantinho das Monas, Mona em Família.

Era uma vez um paisinho que falava uma linguinha muito bonitinha e, para ser mais delicadinho ou amiguinho, tudo era falado no inho.

- Ai, aquele menininho é um amorzinho!

- Vem cá, cheirinho!

- Moço, me dá um cafezinho?

Eu sou chamada de maninha até hoje por um homem de 32 anos, mais de 1,80m de altura e que atende pelo nome de Juninho. Sim, Juninho. Ninguém consegue ver como é estranho chamar um adulto barbado de Juninho.

E de maninha eu cresci e como acontece na vida de quase toda mulher, engravidei.

Estar grávida significa que tem uma pessoa sendo gerada dentro de ti, o que já é bastante grandioso (e estranho). A mulher engorda entre 9 (as mais sortudas) à só Deus sabe quantos quilos. Se não for a Giselle Bündchen, a coxa fica da grossura da bunda e a bunda se transforma em algo auto-existente, que não respeita mais as ordens da proprietária. A barriga, nem se fala: o negócio parece que vai explodir! É um teste de equilíbrio a cada passo, isso quando consegue andar com aquele pé de pão.

E o povo tem a cara de pau de perguntar:

- Ta gravidinha?

Gravdinha? Gravidinha de cu é rola, minha senhora! Eu to aqui explodindo com uma criatura que adora enfiar os pés na minha costela e a senhora vem perguntar se eu estou gravidinha?

Mas passados os 9 meses, a pessoa vai pra maternidade e aquilo tudo e chega a enfermeira:

- Oi, Mãezinha! A mãezinha está bem? Já tomou seu banhinho? Conseguiu fazer seu cocozinho?

- Mãezinha, agora vamos fazer isso, vamos fazer aquilo…

E o médico acompanha o processo de depreciação da maternidade te chamando de mãezinha também. E o que é mais engraçado nisso tudo, é que ele acompanhou tua gravidez desde a primeira consulta e sempre te chamou pelo nome.

No consultório do pediatra, em postos de saúde, em farmácias e até em comunidades do Orkut, temos a nossa maternidade reduzida à palavra mãezinha.

Mas e os efeitos perigosos do inho na criança?

Tudo começa com caretas e mimiguinhos para o bebê.

Coisinha, lindinho, fofinho e os mais diversos e estranhos nomes no diminutivo para chamar a pobre criança que já nasce destinada a ter uma crise existencial aos 4 anos.

Com 4 anos a criança começa a deixar de ser engraçadinha (a criança dos outros, porque a minha continua tudo aquilo de antes) e o povo começa a não achar tanta graça das manhinhas, reininhas e as demais onhonhoinhas que a criança possa vir a fazer.  E começa todo o processo contrário de transformar a pobre para não falar tudo no diminutivo.

- Fala direito, guri! Tens de falar como homem agora!

- Não fale assim, já és uma moça.

E dá-lhe dinheiro para psicólogo na adolescência.

Mas depois, surge o primeiro namoro e tudo descamba novamente. Tornamos-nos o amorzinho, cheirinho,  o nem de alguém e o diminutivo volta a reinar no nosso vocabulário.

Acho que o inho só existe para provar que o que vale na vida é ser assim, queridinho.

Já o minguxes não é inho, é uma forma abobada de se expressar. Recuso-me a falar DixxxO.

Beijos,

Euba.





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