Porque fazer humor e podcast é uma arte

































Mentiras sinceras me interessam…


Autor: Mafalda ~ 13 de setembro de 2011. Categorias: Sofá da Mona.

Adoro Cazuza e suas letras ainda atuais. Mas não é sobre o Cazuza essa coluna. É que assisti a um filme hoje e essa música me veio à mente. Você vai sacar o motivo.

O filme é a comédia romântica Jack and Chloe (Jusqúà toi ou Every Jack has a Jill- em cartaz na rede Telecine), uma produção francesa de 2009. Ok, se você tem resistência a filmes franceses, pode assistir sem “medo”. Não é um daqueles filmes geniais e incompreensíveis para nós pobres mortais, com gente pelada, fumando e discutindo e tudo em preto e branco (rsrs). É só um filme leve, despretensioso, que diverte e te deixa leve no final.

Jack (o fofo Justin Bartha) é um cara comum, deprimido e confuso com um recente pé na bunda que lhe tira o chão. Pra piorar, ele havia ganhado uma viagem a Paris numa promoção de um refrigerante… Apesar de não gostar de viajar, ele é encorajado pelos amigos a ir, mesmo que sozinho. Jack é tão caseiro que não tem sequer mala. Empresta uma antiga (vermelha) de seu falecido pai (a fala da mãe sobre a mala é uma pérola – recuso-me a dar spoiler). Chloe (a divina Mélanie Laurent) é uma jornalista francesa, sensível e talentosa, insegura e com medos estranhos (como falar ao telefone, por exemplo). Ela é escalada para fazer uma viagem de trabalho pela empresa em que trabalha. O previsível acontece: extravio de bagagem no aeroporto e a mala de Jack vai para Chloe.

Testemunhar o estranhamento cultural entre o norte-americano Jack e os funcionários do hotel francês rende boas risadas, mas tudo muito sutil, sem pastelão. Elenco de apoio irretocável.

De posse da estranha mala, Chloe decide abrí-la. Seu conteúdo a surpreende e encanta. Será possível conhecer alguém se baseando nos itens de sua mala? Ok, pura ilusão, as tais “mentiras sinceras…” que citei, mas não é uma idéia criativa e fofa? Chloe se “apaixona” pelo homem que imagina ter feito aquela mala. Parece bobagem, mas será que todos nós (pelo menos de imediato) não nos apaixonamos por alguém que idealizamos? A tímida Chloe resolve então devolver a mala, com seu endereço e com fotografias tiradas com a máquina de Jack. Cada foto, um recado e um pouco sobre quem ela é. Uma aposta no destino, na ilusão. Por quê não?

Destaco a trilha sonora. Achei deliciosa, cool.

Agora, o resto é com você: assistir, gostar ou não. Acho que me tocou a timidez das personagens e talvez tenha me identificado com suas supostas esquisitices (que achei normais, aliás). É duro ser diferente, ter um mundo interno complexo e rico. Então, mesmo que seja pura ilusão de cinema, é bom ver uma história bem contada, com graça e leveza sobre o que idealizamos e a realidade que se apresenta. Tem dias, que é só disso que precisamos: um pouco de ilusão.



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