Porque fazer humor e podcast é uma arte

































O Rey do gado


Autor: Mafalda ~ 21 de fevereiro de 2012. Categorias: Sofá da Mona.

Em alguns açougues há aquela placa com a ilustração do corpo de um boi, parecendo um país com seus estados, indicando as regiões anatômicas correspondentes a cada corte de carne.
E lá estava a placa, em pleno Carnaval, transfigurada no extravagante Dr. Rey. Pra quem não conhece Dr. Rey – por favor, Google imediato (não que valha a pena).

Cobertura de Carnaval da Rede TV. A atuação pilhada (mesmo) de Dr. Rey e seu papel como avaliador de bundas e corpos femininos nesse Carnaval, trouxe à memória a tal placa do açougue. Independentemente de algumas garotas se voluntariarem a tamanha exposição (e algumas subcelebridades, nem tanto), o que se viu foi um cara jogar no lixo qualquer credibilidade, seriedade, ética profissional e respeito à mulher. É isso que esse cara fez com anos de estudo? Apesar de usar compulsivamente termos como “linda” e “querida” para as garotas, nada havia de doce em seu tratamento. Era uma “coisificação” tão agressiva e humilhante para a imagem feminina, que em poucos segundos Dr Rey já estava em close com uma bunda ao fundo. Bundas e coxas foram desenhadas, músculos localizados, partes apalpadas e apertadas sem qualquer necessidade.

Dr Rey tem um desejo quase patológico de ser o centro das atenções. Como médico, como praticante de artes marciais, como dono de corpo masculino esculpido e depilado, como um “apreciador contumaz” da mulher…(ele me dá muita  preguiça mental). Mas como mulher, entenda-se: corpos dentro de certo padrão estético. Sempre com o mesmo formato padrão; caso contrário, não ganha carimbo de “aprovado” pelo Dr Rey.  No “exame” do médico (que tinha até carimbo para validar a carne examinada), o sintoma mais preocupante era sua presença ali e o aparente sucesso… Sintoma de nosso adoecimento sociocultural, da mídia, do abuso de mulheres sem identidades (porque se tornaram apenas seu corpo e suas partes), da transformação de Medicina em espetáculo e da submissão de uma massa de mulheres que acredita que atingir percentuais mínimos de gordura seja sua maior conquista. Pobres mulheres. Poderiam ser tão mais… Mais relaxadas, soltas, satisfeitas, mais respeitadas, com maior auto-estima. Quem sabe, mais felizes com si mesmas?

Pra quem tem estômago, tai um vídeo direto do açougue da Rede TV .
PEDIDO ESPECIAL: Euba, por gentileza, comente a camiseta de Dr. Rey. Sério.

PS da Editora – na busca e indecisão de uma imagem para ilustrar o inicio deste post achei esta aqui no blog do Testosterona . É um anúncio do Peta contra o consumo de carne vermelha, com a Pamela Andersson posando like carne de vaca. O pessoal do Testosterona aproveitou para fazer gracinha com o anúncio.



 


Cantinho do Castigo para Rafinha Bastos


Autor: Mafalda ~ 11 de outubro de 2011. Categorias: Sofá da Mona.

Se você já assistiu Supernany ou genéricos, sabe que o “cantinho do castigo” é um lugar (desprovido de qualquer distração) em que a criança malcriada deve permanecer, digamos, por alguns minutos (por exemplo, se a criança tem 5 anos, ela fica 5 minutos e assim por diante) até “se acalmar” e depois conversar com o responsável e compreender que o que fez foi inaceitável (palavra usada pela diva Jo Frost, a supernany original).

Assistindo o desenrolar do bafafá de Rafinha Bastos e CQC, devido a uma piada de péssimo gosto proferida pelo jornalista e comediante sobre Wanessa (ex-Camargo) grávida e seu bebê, a sensação que tenho é de que Rafinha acabou indo parar no “cantinho do castigo”. Para piorar ainda mais, basta lembrar que o marido da cantora em questão (Marcus Buaiz) é um dos patrocinadores do programa. Rafinha acabou mordendo a mão que o alimenta… Vixi!

Supernany Jo Frost: “Inaceitável, Rafinha, inaceitável!”

Primeiro veio a Mônica Iozzi, uma simpatia de menina. Ontem, graças ao Dia das Crianças, veio Oscar Filho, já  que é sempre zoado por sua baixa estatura, o que remete ao universo infantil (O que? O bullying?). E semana que vem? Rafael Cortez?
Não aprecio o senso de humor de Rafinha, embora ache algumas de suas tiradas ótimas. É uma questão de química, mais que de inteligência. Notei que ele foi perdendo a mão. Na verdade, foi pesando a mão. Isso não costuma funcionar no Brasil, embora tenhamos muitos comediantes desse tipo (e com sucesso) nos EUA. Brasileiros gostam de rir dos outros, jamais de si mesmos. Gostam de zoar com a mulher dos outros, mas não me venha com piadas envolvendo sua patroa. Curioso, não?

Vídeo com a declaração de Rafinha:

Mais curioso ainda é perceber que o próprio comediante não leva numa boa perguntas sobre suas declarações. Em recente entrevista à Mônica Bérgamo (Folha de São Paulo), ele a mandou (como dizer?) “praticar felação em seu grosso e bem vascularizado órgão genital” (desculpem, foi o melhor que deu pra fazer com a frase original). Por que tamanha grosseria? Porque foi indagado sobre as piadas usadas em seu show envolvendo o ator Fábio Assunção e o comercial da Nextel.

Não sei a idade de Rafinha, mas esse “cantinho do castigo” está bem prolongado para os padrões habituais (se é que existem).  E embora o próprio comediante brinque com o assunto em seu atual show de stand up, divulgou-se agora que Rafinha pediu demissão da BAND. Sim, isso mesmo. Simultaneamente, já começaram os boatos de que já estaria sendo sondado pela Record e pela Rede TV.

Daí eu me pergunto: a gente não vive numa democracia? Não acabou a censura? Tudo bem, a piada é de péssimo gosto e nem engraçada foi, mas… e daí? Obviamente era uma PIADA. Ruim, mas uma piada. Não era uma ameaça, lógico. O episódio do Rafinha me fez parar para pensar que existe sim censura no país. E uma das piores. A censura velada imposta por quem banca as atrações, pelos patrocinadores. Você pode ridicularizar um pobre servidor público no “Proteste Já” (que melhorou MUITO com o comando do Oscar Filho), mas fazer uma piada escrota com a mulher de um de seus chefes não. Resumindo: passo a desconfiar de tudo que é dito agora no programa. E ainda mais sobre o (auto) senso de humor de Rafinha…

E você, leitor? O que achou de todo esse rolo? Escreva pra gente!

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