Desenhos pra marmanjos
Autor: Mafalda ~ 19 de outubro de 2010. Categorias: Sofá da Mona.
Com esse espírito, confesso que já me esforcei para tentar gostar de alguns desenhos orientais, mas realmente não rolou. Não tenho uma crítica técnica. Não é este o problema. Afinal quem curtia animações do naipe de Pepe Legal, não é muito exigente com detalhes técnicos. Roteiro? Posso responder do mesmo modo… Então, o que? Não sei. Talvez as tramas não sejam interessantes para mim? Não sei mesmo. Assim como você não sabe explicar porque se apaixona por uma pessoa e não pela outra. Mistérios do coração…
Aceitando tal mistério, portanto, trago hoje meu TOP 5 de desenhos/animações atuais. A maioria não é, de fato, voltada para o público infantil e sim para jovens e adultos. Se você não conhece algum, eu recomendo que experimente. Abra sua cabeça, esqueça um pouco suas referências do passado por um instante e assista. Talvez passe a curtir coisas novas como eu…
5. Fudêncio e seus amigos
Inspirado em um boneco de borracha, todo detonado e meio punk, batizado de Fudêncio e zoado por João Gordo em seus áureos tempos de MTV (programa Garganta e Torcicolo – 1997 e 1998), o desenho animado “Fudêncio e seus amigos” estreou na MTV em 2005. De lá pra cá, já se tivemos 6 temporadas com 145 episódios. Criação de Thiago Martins, Pavão e Flávia Boggio o desenho é a segunda empreitada recente de sucesso da MTV brasileira, que anteriormente produziu a Mega Liga de VJs Paladinos. A fórmula de Fudêncio e seus amigos é antiga: um turma de crianças que vai à escola e vive aventuras. Mas, com classificação etária de 16 anos, saiba que em Fudêncio o chumbo é grosso: o politicamente incorreto, a crítica ácida, um caminhão de referências à cultura pop e a estética crua dão o tom. A turma tem química e o perfil de cada personagem é bem definido, com direito a bordões antológicos (como o de Conrado, o personagem azarado que diz “Eu só me f*d* nesta merda!”).
Onde passa: MTV
4. American Dad
A exemplo dos Simpsons e de Family Guy, as histórias em American Dad giram em torno de um núcleo familiar (no caso a família Smith). Stan, o pai, é agente da CIA há cerca de 20 anos. Paranóico, estressado, fixado em terrorismo e patriota radical é um retrato e uma crítica das atividades do governo norte-americano, em especial ao governo Bush. Um adolescente nerd e uma garota liberal (para desgosto do pai), um extraterrestre refugiado e um peixe falante, fruto de um mal sucedido experimento da CIA, convivem sob o mesmo teto e aos cuidados da amorosa mãe Francine. O personagem Roger, o ET é responsável pelas cenas mais bizarras da série. Produção de 2005 está na 5ª temporada. Um de seus criadores é o autor de Family Guy, Seth Macfarlane. Classificação etária de 14 anos.
Onde passa: atualmente no FX. Já passou na Globo e na FOX. Tem versão legendada e dublada (com boa qualidade, aliás).
3. Cleveland Show
Cleveland Brown era o vizinho negro de Peter Griffin. Educado e gentil, é traído pela mulher (Loretta) de quem se separa. Com Cleveland Jr. decide então mudar-se para outra cidade, começar vida nova. No caminho reencontra um amor do passado e pronto: forma-se mais um núcleo familiar. Cleveland agregava todas piadas sobre racismo em Family Guy e em seu próprio show esta característica continua. Estereótipos, estigmas, preconceitos, feridas históricas, o branco ignorante (o chamado “white trash”) absolutamente tudo é piada. Nada deve ser levado a sério. Nem mesmo Obama escapa. Minha simpatia pelo desenho vem da longa convivência com seu protagonista ainda em Family Guy. Desprovido de muitos atributos, é surpreendente vê-lo como foco central de uma trama. Talvez seja justamente essa a sacada. Honestamente, não sei se uma pessoa que nunca assistiu Family Guy, teria o mesmo carinho com a produção, mas de repente vale a experiência. Em tempo, vale o aviso: a escatologia é marca registrada da série.
2. Pingüins de Madagascar
Não sou apreciadora de programas dublados (porque expressões idiomáticas se perdem), mas tenho que ressaltar que a versão dublada do desenho Os Pingüins de Madagascar é muito melhor que a versão original. Talvez seja metade da graça do desenho, sem exagero. Destaque especial para o lêmure Rei Julien (inicialmente dublado pelo Guilherme Briggs e depois por um ator/dublador cujo nome não descobri, mas que imita a dublagem de Briggs). Tropa de elite? Que nada! Para mim nada supera as ações táticas e estratégias “militares” de Capitão, Recruta, Rico e Kowalski – os pingüins residentes do zoológico de New York. Rei Julien e seu leal conselheiro Maurice e o mini-lêmure Mork (insuportavelmente fofo) completam o time de protagonistas do desenho. A série se passa após os eventos de Madagascar 2 , embora não seja necessário ter assistido aos filmes para seguir e gostar do desenho. Raramente eles saem dos limites do zoológico, mas os roteiros são tão bons, que não há mesmice. Prova de que uma animação não se sustenta só pelo trabalho de arte. Sem história boa, nada feito. Onde passa: Globo e Nickelodeon.
1. Family Guy (Uma família da pesada)
As críticas negativas da série dizem que uma criança de dez anos faria piadas melhores ou que Family Guy seria uma cópia dos Simpsons (que eu, aliás, adoro e que também poderia estar nessa lista). Uma ou outra voz acusa a série de mau gosto, especialmente pelo uso da escatologia. Não importa, eu vejo Family Guy como sua legião de fãs: uma excelente e corrosiva crítica ao típico americano médio e aos valores capengas da sociedade ocidental. O que os Simpsons insinuam, Family Guy escancara, disseca e desossa na sua frente, sem anestesia, sem aviso. Nenhum assunto parece ser tabu: pedofilia, religião, deficiência física ou mental, política, esportes, drogas, incesto… Basta pensar em algo polêmico, que isso pode aparecer na série em algum momento. A estrutura do núcleo familiar é a mesma, somando-se aqui um bebê (de sexualidade ambígua – ao menos por enquanto) e um cão. O que o bebê fala (com sotaque britânico bem afetado na versão original) não é entendido pelos adultos, salvo raras exceções. Ele tem uma relação de amor e ódio com a mãe, que por sua vez é a paixão de Brian (o cão), que também fala (e… fuma, bebe e… faz análise!). Essa dupla é responsável por tiradas ácidas e desconcertantes, que me fazem rir só de lembrá-las. Paródias musicais, cinematográficas e televisivas são freqüentes na série, assim como a participações de famosos que, inclusive, muitas vezes fazem questão de emprestarem a própria voz à sua versão caricata. Uma lição que aprendi vendo seriados se aplica aqui: quando uma série é sucesso ou vira cult, as celebridades se disponibilizam para participações especiais. Em Family Guy a lista conta com Lindsay Lohan, Jennifer Love Hewitt, James Woods entre outros.
Onde passa: FX
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