Trovão Tropical – Crítica de Raphael Santos
Autor: Mafalda ~ 11 de março de 2009. Categorias: Geral.
Eu gosto muito de comédias. O problema é que ultimamente ou os filmes são comédia demais, ou tem simples cenas ‘haha’, ou até apelam para piadas sexuais que nem sempre são realmente engraçadas. O que acontece? Distancio-me das comédias. “Trovão Tropical” não. Essa bela paródia me faz voltar a crer nas comédias.
Ben Stiller (“Entrando Numa Fria Maior Ainda”) é o cara? Não. Mas todo ano estréia até mais do que um filme. Ele é uma máquina de comédias. Às vezes somente atua, às vezes atua e dirige, outras vezes atua, dirige e produz. O que acontece em “Trovão Tropical” é que, além disso, ele ainda roteiriza junto a Etan Cohen (de “Madagascar 2”). Colocou-me medo de início? Muito. Mas no desenrolar da trama vi que de Ben Stiller o filme tinha pouco.
“Trovão Tropical” começa com trailers falsos, que depois farão sentido à trama. Na verdade, os trailers apresentavam cada um dos personagens principais. Logo após, somos levados a um clima de guerra, tiro, uma verdadeira paródia galhofa de filmes como “O Resgate do Soldado Ryan”, por exemplo. Acabamos, porém, por descobrir que não se trata disso. Trata-se daquele tipo de filme dentro de um filme. Ou seja, há uma auto-paródia. Na verdade, tudo que estava até então acontecendo eram filmagens do próprio “Trovão Tropical”, só que o da trama, o fictício. Confuso? Essa é a intenção. O roteiro se desenrola logo depois disso, quando os atores principais do filme são levados à situação extrema pelo diretor do “Trovão Tropical” na trama, para, assim o filme conseguir acontecer.
O elenco tem nomes fortíssimos, tanto da comédia pura, como da comédia romântica, ação, etc. Tom Cruise (“Missão Impossível”) faz um papel pequeno, mas é o responsável pelas melhores risadas e atuando quase sempre junto a Matthew McConaughey (“Como Perder Um Homem em 10 Dias”). Jack Black (“Escola de Rock”) é sem dúvidas o personagem mais galhofa, na missão de parodiar esses filmes de comédia que apelam para piadas sobre flatulência, sexo – Eddie Murphy é o grande alvo do personagem. Ben Stiller assume vezes de protagonista, depois some da trama, gera algumas risadas rápidas e termina novamente como protagonista, nada demais.
Robert Downey Jr. (“Homem de Ferro”), é o melhor! O ator, na vida real loiro, está negro. Exato! Melhor paródia não houve. A forma como ele fala o inglês, no caso o black english , é divertidíssimo. Os diálogos perdidos, monólogos que expressavam nada. Ótimo! Depois de “Homem de Ferro” e, agora, “Trovão Tropical”, Downey Jr. Afirma sua volta triunfante à Hollywood. Completa o elenco principal Brandon T. Jackson como Alpa Cino (pronuncie isso em voz alta), Jay Baruchel (“Quase Famosos”) e Bill Hader, que, vale ressaltar, fez um papel muito engraçado em “Superbad – É Hoje”, interpretando um policial ao lado de Seth Rogen.
Senti falta de uma mulher na trama. Praticamente não há mulheres. A intenção é clara: parodiar os filmes de guerra que só e somente só têm atores, nunca atrizes. Quando essas existem, fazem o simples papel de dona de casa, desesperada com a situação do marido, vide “Fomos Heróis”, protagonizado por Mel Gibson. Acredito que uma mulher no esquadrão principal, quem sabe até liderando os “soldados”, acrescentaria mais risadas. Afinal, praticamente nenhum dos principais é colocado como machão, eles sentem medo do que está acontecendo, até. Uma mulher impondo ordens ao grupo seria subverter a imagem que os filmes de guerra impõe, ou seja, as mulheres sempre como coadjuvantes.
“Trovão Tropical” como comédia agrada bastante. Nunca o compararei a grandes títulos, óbvio, mas em seu espaço, ele pode até ser considerado um dos melhores. Subestimado pelo público, só ganhou mais destaque por Robert Downey Jr. ter sido indicado a Oscar e Globo de Ouro como ator coadjuvante. Uma ótima pedida para ver em DVD.