Fora de Moda: O Caminho dos Indies
Por Eubalena - 15 de abril de 2009. Categorias: Mona POP.
Para facilitar a tarefa, vamos pensar em termos de Brasil, o que se pode se considerar indie na terra verde, amarela, azul e branca? Eu fiz questão de catar aqui em casa um exemplar da Super Interessante, o volume 03, na edição especial de colecionador dedicada à História do Rock Brasileiro, em que temos nosso caro Renato Russo na capa. Se você abrir a revista na página 75, há uma matéria assinada por Rodrigo Lariú, cujo título é Não, obrigado, que definiria bem a postura da cena alternativa brasileira, do início dos anos 90, que preferiam cantar em inglês como uma forma de dar as costas, para a fórmula fácil das bandas que todo o sábado estavam no Cassino do Chacrinha, dando assim um belo não para a onda Ploc 80. Ou seja, as bandas: Second Come, Beach Lizards, Squonks, A.S.S., Pin Ups, Killing Chainsaw, Sonic Disruptor, Tube Screamers, Mickey Junkies, Garage Fuzz, Low Dream, brincando de deus ou Eddie, não bebiam de The Cure, The Smiths, The Police e New Order, mas suas influencias vem de Jesus & Mary Chain, My Blood Valentine, Spacemen 3, Loop e Primal Scream. Ficou cansado com tanta informação? Pois, bem, o mesmo cansaço que você sentiu ao ler o nome de tantas bandas, foi o mesmo que sentiram os integrantes das bandas Pin Ups, Second Come e Killing Chainsaw, em relação ao refrão de “Eu vou dá mamãe”, executadas mil vezes nas rádios brasileiras. Se hoje é lugar comum, zines, selos independentes e downloads na internet, saibam que a semente surgiu em 1991 pelo Selo Rock It! de Dado Villa-Lobos e André Muller, ironicamente maiorais dos anos 80 com a Legião Urbana e Plebe Rude, mas que adotou o Second Come, pois a banda independente vendia muito mais discos do que as outras conhecidas bandas nacionais na loja da dupla de roqueiros. Ou seja, se naquele tempo, as bandas gravavam suas fitas demos e mandavam exaustivamente para as grandes gravadoras, hoje em dia, as pessoas trabalham no sentido de criar seus próprios selos independentes, dando aquela linha para o mainstream. Um bom exemplo de banda indie brasileira de hoje em dia é o Superguidis:
E AS HQS?
E qual seria o parâmetro das HQs no universo indie. A falecida e muito boa revista Mosh!, era um exemplar dos mais autêntico do que havia de quadrinho independente no Brasil. Os personagens Rocker, Menina Infinito e outros, eram quase um espelho daqueles que escreviam sobre eles. A Menina Infinito é um caminho de egotrip para qualquer garota indie. A filhota de Fábio Lyra (criador da personagem), que também atende pelo nome de Mônica, nunca leria uma HQ da xará, e no certo preferiria ler Mafalda, Calvin e Snoopy. Colecionadora de vinis de David Bowie, Lou Reed e Iggy Pop, um hábito fora de moda, é freqüentadora assídua da Livraria Baratos da Ribeiro, de Copacabana. Se for levá-la ao cinema, nada de Shopping Center, nada de Indiana Jones, no mínimo Estação Botafogo, para assistir a um filme de Spike Jonze. “Onde vivem os monstros”, é uma boa:
E em relação a moda? Acho que o próprio desenho da Menina Infinito já diria tudo, mas traçando um perfil: Roupas transadas com nomes de bandas ou o rosto do Seu Madruga estilizado como Che Guevara ou mesmo uma brincadeira com brandnew de uma marca de refrigerante famoso trocando o nome desta por Hard Core. Mas, também se for pensar bem, cadê sua independência para criar sua própria moda?
Bem, bem eu não sei se consegui achar o Caminho dos Indies, mas quando tocam nesse nome o primeiro nome que me vem à cabeça é Sonic Youth:
Ligações externas sobre o tema:
http://www.superguidis.com.br/superguidis.html
http://www.senhorf.com.br/agencia/main.jsp
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Até.